Trata-se de padrão
distinto de suas manifestações sobre mortes, falsamente atribuídas a Israel, ou
números irreais de crianças mortas em Gaza
Eu não festejo mortes.
Lamento-as. Pouco me importam as razões e as causas. Pouco me importam os dados
sociais (gênero, etnia, idade…) e as condições de vida e saúde de quem “partiu
desta para uma melhor”. Odeio a morte com todas as minhas forças, e pronto.
Ponto! A eterna separação dos corpos de quem amamos, ou empaticamente
consideramos, dói muito e é cruel demais para aceitar a “natureza” do fim.
Quanto mais impactante e
trágica uma morte, pior. Se de alguma forma próxima, é ainda mais devastador o
efeito que causa sobre mim. Em 2007, eu morava em Belo Horizonte e trabalhava
em São Paulo. Todas as semanas eu chegava e saía do aeroporto de Congonhas, na
capital paulista. Estava por lá quando o A320 da TAM se acidentou, matando 187
pessoas. Naquele instante, eu só pensava: podia ser eu.
Tenho uma filha
adolescente, de 18 anos. Um vizinho mais do que querido quase perdeu o filho em
um acidente estúpido de carro, daqueles que não fazem sentido algum. Mas a
namorada do rapaz, também adolescente, não resistiu aos ferimentos e faleceu. A
despeito da nossa amizade, eu só tinha olhos e sentimentos para os pais da
menina morta: como passariam o resto da vida sem o maior de todos os seus
amores?
Terrorismo relativizado
Desde o início desta nova
onda de violência, após os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, quando
bárbaros do Hamas invadiram Israel e espancaram, estupraram, decapitaram,
atearam fogo e assassinaram impiedosamente bebês, crianças, jovens, adultos e
idosos a esmo, inclusive, filmando e espalhando os vídeos como troféus, sinto e
manifesto publicamente meu pesar por “quase” todas as mortes.
Sim. Por quase todas. Não
sou hipócrita de dizer que lamento a morte de assassinos, estupradores e afins.
O primeiro parágrafo diz respeito a seres humanos apenas, e não a esse tipo de
gente. Mas lamento, sim, profundamente, cada palestino e israelense inocentes
mortos. Sofro intensamente ao pensar nos filhos e nos pais, órfãos uns dos
outros. Nos idosos e nas crianças sem o mínimo de conforto e cuidados
necessários.
Sou judeu e tenho amigos,
vivendo em Israel, que perderam entes queridos nos ataques. A dor deles é minha
também. Como seria se tivesse amigos em Gaza na mesma situação. A isso chamo de
“humanidade”. No sentido crasso do termo. Pois assim como não há meia gravidez,
não há meia humanidade. Seletividade não cabe aqui. Seletividade, aliás, cada
vez mais presente nas manifestações públicas de Lula sobre o conflito.
Presidente seletivo
A cada anúncio do Hamas –
e pouco importa a confiabilidade dos dados -, o presidente o reverbera com
estardalhaço. Números e ocorrências divulgados pelos terroristas palestinos,
claramente superestimados e falsos, são reproduzidos de forma imediata por Lula,
que acaba atuando como espécie de “porta-voz” da tirania. Lado outro, quando o
terror ceifa vidas israelenses – ou ao menos tenta -, muito pouco se ouve do
presidente.
A morte de 12 crianças e
adolescentes, com idades entre 10 e 16 anos, que jogavam bola nas colinas de
Golã, neste sábado (27), após um ataque de foguetes atribuído ao grupo
terrorista Hezbollah (que negou a autoria), é mais um exemplo desta
seletividade presidencial. O governo brasileiro emitiu nota oficial etc., mas
até o momento nada se ouviu de Lula a respeito. São 17 horas de domingo (28) e
nenhuma palavra sequer.
Trata-se claramente de um
padrão distinto de suas manifestações sobre certas mortes, falsamente
atribuídas a Israel, ou de números irreais – e surreais! – de crianças mortas
em Gaza: “12 milhões e 300 mil”, segundo o petista. Que também já anunciou
“milhões de mortes de civis, de mulheres e crianças”, sendo que Gaza inteira
tem cerca de 2 milhões de habitantes. É simplesmente lamentável – e triste – um
comportamento assim.
(Fonte:
Autor do artigo - Ricardo Kertzman / O Antagonista)
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