A
priori, é extremamente difícil escrever sobre alguém tão
reverenciado, pois suscita a possibilidade de ser repetitivo ou incidir no
“mais do mesmo”. Tentarei seguir uma linha de raciocínio que consiga desvelar
uma das camadas de um dos maiores nomes da história do futebol brasileiro:
Mário Jorge Lobo Zagallo.
Nos
derradeiros minutos do dia 05/01/2024, aos 92 anos, o Velho Lobo nos
deixou. Logo depois, o noticiário já salientava os seus feitos enquanto jogador
e técnico, algo assertivo que serviu para demonstrar aos mais jovens o quão
Zagallo é gigante para o nosso futebol. Simplesmente, o único ser humano a
conquistar 4 vezes a competição mais nobre do futebol, além de ter sido o pioneiro
a ganhar a Copa do Mundo dentro e fora das quatro linhas.
Consoante
o parágrafo introdutório, não iremos discorrer acerca do currículo e das
revoluções táticas efetuadas por Zagallo, porque outros já o fizeram de forma
brilhante. Para o leitor mais atento, o título deste artigo sinaliza o caminho
que iremos percorrer. Notadamente, ninguém defendeu de maneira tão ferrenha e
passional a Seleção Brasileira quanto o Velho Lobo. Quando se pensa na Amarelinha,
um dos primeiros nomes que surge na mente é o de Zagallo.
A
sua defesa contumaz da Seleção deu-se por diversas nuances: jogador, técnico,
coordenador técnico e, sobretudo, enquanto torcedor. Uma imagem que ficou
entranhada na memória coletiva foi a postura de Zagallo (técnico) antes
da disputa de pênaltis contra a Holanda na semifinal da Copa do Mundo (1998)
sediada na França; a energia empregada por Zagallo naquela ocasião contagiou os
atletas e a torcida.
Explicitamente,
tal energia vem faltando na Seleção Brasileira nos últimos anos. É inconteste
que há uma crise de identidade entre Seleção, jogadores e torcedores, a qual,
agravada pela incompetência que impera na Confederação Brasileira de Futebol
(CBF). A torcida não se sente mais representada pelos selecionados que têm a
honra de ostentar o manto futebolístico mais pesado do mundo; percebe-se um
rompimento do elo umbilical que unia os torcedores à Seleção Brasileira. A
propósito, Dorival Júnior terá a árdua missão de mitigar a crise de identidade
supracitada.
O
Velho Lobo partiu, deixando-nos um legado riquíssimo e incomparável.
Doravante, todos os envolvidos na condução da Seleção Brasileira deverão
inspirar-se no exemplo de Zagallo, para que se possa alcançar a reconstrução de
um patrimônio do futebol mundial que vem sendo maltratado dentro e fora de
campo. A Amarelinha necessita ser novamente respeitada e temida,
sobretudo em Copa do Mundo. Zagallo deve ter sofrido bastante perante
esse desmantelo na Seleção Brasileira. Enfim, a relação de Zagallo com a Seleção
é um fenômeno transcendental, cuja essência não pode ser retratada através de
meras palavras.
(Tosta
Neto, 08/01/2024)
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