O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o primeiro presidente a discursar na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas na manhã desta terça-feira (19), em Nova York. Em um discurso carregado de ideologia esquerdista, ele disse que o neoliberalismo faliu e foi substituído por um "nacionalismo primitivo, conservador e autoritário". Também defendeu Cuba e a Palestina e disse que a "extrema direita" está criando aventureiros que negam a política.
Ao se referir à direita e ao neoliberalismo, Lula falava sobre o atual contexto global de transição de uma economia neoliberal para um cenário em que grandes potências econômicas, como Estados Unidos e China, estão adotando práticas de protecionismo de mercado e usando a economia para atingir interesses geopolíticos.
Sem se referir ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que adotou práticas econômicas liberais em seu mandato, Lula disse que os governos precisam "romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas".
"O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. O seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio aos seus escombros, surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas. Muitos sucumbiram à tentação de substituir o neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário", disse.
Lula defende Cuba contra os EUA e apoia a criação de um Estado Palestino
O presidente brasileiro também defendeu a ditadura comunista de Cuba, que é alvo de um embargo econômico dos Estados Unidos, sem aval da ONU, desde a década de 1960.
"O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como estado patrocinador do terrorismo", disse Lula.
Mas ele não mencionou o governo autoritário, os crimes contra os direitos humanos e os presos políticos da ilha. Também não lembrou que Havana mandou guerrilheiros para participar de golpes de Estado em países da África e da América Latina e que atualmente cogita enviar voluntários para apoiar a Rússia na invasão da Ucrânia.
Além de criticar veladamente os EUA em relação ao embargo, Lula defendeu a criação de um Estado Palestino, mas sem fazer referência, por exemplo, ao movimento extremista Hamas, que atualmente controla o governo na Faixa de Gaza e tenta impor o Estado da Palestina por meio da violência.
Lula usa bordão de campanha e cobra recursos internacionais para preservar o meio ambiente
Lula usou um bordão de campanha dizendo: "a esperança mais uma vez venceu o medo" e alegou ter resgatado a "universalidade" da política externa brasileira. A fala foi uma referência a Bolsonaro, que deu menos ênfase à política externa em comparação ao atual mandato de Lula.
Sobre o combate às mudanças climáticas, Lula cobrou a promessa das potências mundiais na conferências mundial do clima de Paris, em 2015, de darem recursos aos países em desenvolvimento para a realização de ações ambientais.
"A promessa de dar US$ 100 bilhões por ano permanece apenas isso, uma longa promessa", disse. Ele também fez propaganda de seu esforço diplomático para fortalecer a integração dos países que compõe a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, que engloba os países que abrigam partes da floresta amazônica.
*GAZETA DO POVO
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