Uma
equipe de astrônomos confirmou que uma das galáxias mais distantes detectadas
pelo telescópio James Webb está, de fato, a poucos milhões de anos após o Big
Bang. Apelidada de galáxia Maisie, ela é uma das muitas que evoluíram
mais rápido do que a previsão dos modelos cosmológicos, tirando o sono de
alguns cientistas ao redor do mundo.
Em
2022, o projeto Cosmic Evolution Early Release Science Survey (CEERS)
analisou uma série de dados do James Webb e encontrou alguns objetos candidatos
a galáxias mais distantes já detectadas. Entre elas, estava a CEERSJ141946.35
(Maisie), cuja luz observada era supostamente de 286 milhões de anos após o Big
Bang.
A
descoberta deixou os astrônomos um pouco intrigados porque, naquela época, as
galáxias ainda não deveriam ser tão evoluídas. Entretanto, lá estava Maisie, ao
lado de outras galáxias igualmente antigas, como a CEERS-93316, supostamente
observada 250 milhões de anos após o Big Bang.
Para
alguns astrônomos, isso poderia significar que a interpretação dos dados
poderia estar errada — de fato, isso parece mais provável do que encontrar
galáxias em épocas em que elas ainda não deveriam existir. Após nova análise,
ambos os objetos mencionados tiveram valores ajustados e ainda desafiam os
modelos atuais.
Galáxia
Maisie
Na
pesquisa anterior, a Maisie foi estimada com redshift z = 14.3 (número
relacionado à distância dos objetos com base na expansão acelerada do
universo), sugerindo que os astrônomos estavam observando a galáxia do jeitinho
que ela era há cerca de 13,48 bilhões de anos (considerando que o universo tem
hoje 13,77 bilhões de anos).
Após
alguns argumentos sugerindo que as medições poderiam estar erradas, a equipe do
CEERS solicitou mais tempo com o James Webb para novas observações. Eles
analisaram a luz da galáxia em várias frequências para identificar com mais
precisão sua composição química, produção de calor, brilho intrínseco e
movimento relativo.
Essa
última análise revelou que a galáxia de Maisie realmente está mais perto da Via
Láctea (e, portanto, mais longe do Big Bang), mas não muito: a nova estimativa
de seu redshif é de z=11,4, implicando que sua luz observada é de 390 milhões
de anos após o Big Bang.
Isso
significa que Maisie não está absurdamente próxima do Big Bang, mas ainda é uma
das quatro primeiras galáxias observadas já confirmadas — e ainda é uma peça
estranha no quebra-cabeças da evolução de galáxias no universo jovem.
Galáxia
CEERS-93316
O
novo estudo também revisitou a galáxia CEERS-93316, que em 2022 foi estimado
com redshift z = 16,7, o que a colocava apenas a 250 milhões de anos após o Big
Bang — ainda mais antiga do que a Maisie. Contudo, a nova análise apontou para
redshift z = 4,9, correspondente a cerca de 1 bilhão de anos após o Big Bang.
Após
a pesquisa anterior, cientistas liderados por Jorge Zavala, do Observatório
Astronômico Nacional do Japão, analisaram a composição da galáxia CEERS-93316 e
observaram uma grande quantidade de poeira cósmica (formada pela formação e
morte das estrelas).
Essa
poeira poderia imitar os tons vermelhos de uma galáxia com redshift mais alto,
então, a equipe de Zavala resolveu calcular novamente o desvio para o vermelho
da CEERS-93316 usando seus novos dados, e encontrou um redshift de apenas z = 5,
o que a localiza a 1,3 bilhão de anos após o Big Bang.
Na
pesquisa recente da equipe CEERS, os astrônomos confirmaram as medições de
Zavala, encontrando um redshift de z = 4,9, colocando a galáxia CEERS-93316 a
cerca de 1 bilhão de anos após o Big Bang. O motivo do erro no cálculo anterior
foi a presença de oxigênio e hidrogênio que imitaram a assinatura de galáxias
muito primitivas.
O
artigo com os novos resultados foi publicado na Nature.
(Fonte:
Canal Tech)
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