No
século XXI, presencia-se a evolução física e fisiológica dos atletas, logo, o
espaço de jogo ficou mais restrito. Diante de zagueiros rápidos e fortes, é mais
árduo atacar com 2 ou 3 jogadores. Nesta circunstância, Guardiola aprimorou o WM
(3 – 2 – 5), sistema tático hegemônico nas primeiras Copas do Mundo. Atacar
com uma linha de 5 exige preparo físico e recomposição rápida e coordenada na
marcação.
Pep
fizera uma série de ajustes que possibilitou a evolução do City na temporada
2022-2023: saída de bola com três zagueiros (Aké, Rúben Dias e Akanji); Stones,
zagueiro de ofício, deslocado para o meio-campo, mas posterior a perda da bola,
recompunha a defesa com Rodri, formando uma linha de 5; Gundogan, volante
tradicional, pisando na área como meia-atacante; Bernardo Silva, meio-campista,
atuando na ponta-direita; Grealish, abrindo espaço no flanco esquerdo; De
Bruyne, pensando o jogo e distribuindo assistências; Haaland, 52 gols em 53
partidas, oportunizou para o City a alternativa do pivô.
Notadamente,
Guardiola apresentou uma evolução tática dos primórdios do futebol e concebeu
um estilo de jogo belíssimo e dominante. É válido salientar o desempenho
soberbo no 1/6 da partida de volta no Etihad Stadium contra o maior
vencedor da Champions League: nestes 15 minutos, o Real Madrid deu
apenas 13 toques na bola, resultando numa média inferior a 1 passe por minuto.
Simplesmente absurdo! Vitória implacável por 4 x 0 que credenciou o Manchester
City como virtual campeão.
Por
ora, foquemos no plano estatístico. O segundo triplete concedeu a Guardiola o total de 35
títulos, posicionando-o como o 2º técnico mais vitorioso da história. O 1º
lugar pertence ao lendário Alex Ferguson (49 títulos), o qual, teve uma
carreira deveras longeva. Guardiola tem um itinerário profissional
relativamente curto (14 temporadas / Média expressiva de 2,5 títulos por
temporada). Se continuar nesta toada, Guardiola irá superar o icônico técnico
escocês do Manchester United. Todavia, não sabemos se Pep terá uma carreira
longa, porque ele se cobra muito e vive de maneira exacerbada a causa do
futebol, fatores que sugam as energias vitais; por ora, devemos contemplar o
nível de excelência de sua carreira.
Caro Leitor, independentemente de
números, estatísticas e títulos, precisamos nos ater ao legado. Alguns técnicos
têm um currículo recheado de taças, porém não deixaram uma herança explícita à
evolução tática do jogo. Guardiola, por sua vez, tem os dois requisitos
supracitados; é inegável que ele está na principal prateleira dos técnicos que
revolucionaram o futebol. Enfim, Pep Guardiola tem um legado categórico na
evolução tática, tornando-se paradigma de jogo na era contemporânea.
(Tosta
Neto, 26/07/2023)
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