domingo, 29 de janeiro de 2023

ETERNOS AMANTES (TOSTA NETO)

Há tempos, Ricardinho trabalhava como representante comercial na região do Vale no estado baiano. Nas idas e vindas para o município de Santo Antônio, ele visualizou Renata enquanto atendia um cliente no Supermercado Santos. Inicialmente, o batom vermelho da jovem despertou a sua curiosidade: “Adoro quando as mulheres usam batom vermelho. A boca dela é atraente e o corpo ainda mais”. A partir daí, Ricardinho passou a observar atentamente a funcionária do Supermercado Santos.

Com o desenrolar do tempo, como havia reciprocidade no olhar, Ricardinho se aproximou da jovem para conversar:

– Olá! Bom dia.

– Olá! Bom dia!

– Sou representante comercial. Semanalmente, passo por aqui.

– Já percebi.

– Você começou a trabalhar aqui, há pouco tempo.

– Exato.

– Meu nome é Ricardo, mas pode me chamar de Ricardinho. Qual é o teu nome?

– Renata.

– Prazer, Renata!

– O prazer é todo meu!

– Depois continuaremos esta conversa.

– Combinado!

Ricardinho ficou animado com a receptividade de Renata. Na subsequente visita ao Supermercado Santos, o jovem propôs:

– Poderíamos conversar através do WhatsApp.

– Ótima ideia! Salve o meu número – Renata ditou o contato.

– Número salvo! Mais tarde, eu mando um oi.

– Fico no aguardo. Até logo.

– Até.

Ricardinho teve a sensação de que Renata o admirava, afinal, o olhar da garota era revelador: “Não é coisa de minha cabeça; ela olha para mim de forma direta. Tudo começa com o olhar. À noite, enviarei uma mensagem para ela”.

Ricardinho irradiava ansiedade. O dia se arrastou lentamente, apesar da intensidade do trabalho. Depois da labuta, “botou o pé na estrada”. Chegando em casa, tomou banho e deliciou um agradabilíssimo café. O coração estava acelerado. Entrou no WhatsApp:

# Olá, Renata! Boa noite. Aqui é o Ricardinho.

Sem delongas, ela respondeu:

# Olá, Ricardinho! Boa noite. Pensei que você tinha esquecido de mim.

# De jeito nenhum. (Emojis de coração)

# Como foi o teu dia de trabalho?

# Ótimo! E o teu?

# Tudo tranquilo.

# Graças a Deus.

# Ricardinho, onde você mora?

# Em Santa Maria.

# Joia.

# Você costuma sair à noite?

# Raramente. Minha cidade tem poucas opções de lazer.

# Qualquer dia, marcamos para dar uma volta.

# Combinado, Gato!

# Gato?

# Sim. (Emojis envergonhados)

As conversas no WhatsApp se tornaram frequentes. A cada bate-papo, a “temperatura” ficava cada vez mais quente. Renata se transformou numa figura totalmente erotizada. No Supermercado Santos, quando Ricardinho se aproximava da jovem, seu corpo era dominado por uma energia cheia de excitação. De maneira discreta e tom de voz baixo, ele se dirigiu para Renata:

– Quero te ver hoje à noite!

– Ótimo!

– Não aguento mais esperar.

– Eu também não. Mais tarde, no WhatsApp, informo a você o horário e o local do nosso encontro.

– Fico no aguardo.

Noite estrelada. Vento frio. Rua deserta. As copas das árvores bloqueavam a luz dos postes. O ponteiro menor marcava 7 horas. Carro em marcha lenta. Vulto feminino. Porta aberta. Silêncio no automóvel. Olhares aflitos. O “gelo é quebrado”:

– Renata, enfim, estamos a sós.

– É verdade.

– Sem nervosismo. Fique à vontade!

– Está bem.

– Iremos para um lugar que não seremos incomodados. Apenas a lua e as estrelas serão testemunhas do nosso encontro.

O silêncio volta a imperar. A velocidade automotiva é elevada. Breves e longos minutos. Ricardinho estaciona:

– É aqui!

– Joia!

Ricardinho desce do carro, estica os braços e contempla a Lua Cheia.

– Renata, fiquemos aqui no banco de trás. É mais espaçoso.

– Está bem.

Sem delongas, os jovens se beijaram de forma sedenta. Enquanto beijava, Ricardinho pensou: “Ela beija muito bem, além de ser fogosa”. Prezado Leitor, felizmente ou infelizmente, não poderei continuar a narração; somente Ricardinho e Renata estão autorizados a contar o que aconteceu.

Doravante, de vez em quando, Ricardinho e Renata se encontravam. Segundo a jovem, ela não podia vê-lo toda semana para não gerar desconfiança em casa. Apesar da louca atração física, havia sentimento entre os dois amantes. A cada aventura, a química corporal ficava mais picante e harmônica. Literalmente, Ricardinho e Renata foram unidos pelo sexo.

Todavia, o casal não estava satisfeito com os encontros casuais. Ricardinho e Renata queriam mais; desejavam transar toda semana. Diariamente não era possível, porque o jovem morava em outra cidade. Às vezes, comentavam:

– Se pudéssemos, iríamos transar todos os dias.

– Concordo plenamente contigo, Meu Gostoso!

Enfim, chegaram ao consenso:

– Devemos namorar sério.

– Ricardinho, apareça lá em casa na próxima semana. Minha mãe aceitará o nosso relacionamento.

– Fico feliz, Meu Amor!

– Deus abençoará o nosso namoro.

– Amém!

– Amém!

Bem no início, Ricardinho e Renata estavam felizes diante da condição de namorados, mas o tempo é terrível, e arremessa contra tudo e contra todos o dardo do tédio. O casal em questão não sentia mais a alegria de outrora. O desânimo passou a ser a tônica do relacionamento, logo, o esforço de ambos não foi capaz de extinguir tal sensação. Após pouquíssimo tempo de namoro, os jovens decidiram pelo término. Nem o sexo teve a devida força para sustentar esse elo.

A propósito, Caro Leitor, lembranças fortes não podem ser apagadas; ficam “escondidas” nas profundezas da mente, mas sempre vêm à superfície. O pensamento de Ricardinho era atormentado pelas recordações das deliciosas noites de sexo com Renata: “Será que ela também está saudosa? Creio que sim, afinal, a nossa sintonia na cama era surreal. Amanhã, eu enviarei uma mensagem para Renata”.

# Bom dia, Renata. Sinceramente, eu não aguento mais.

# Bom dia, Ricardinho! Eu também não aguento mais.

# Ótimo!

# Hoje à noite: no mesmo horário e no mesmo local.

# Que maravilha! Vamos “matar” a saudade.

# Com certeza, Gato!

# Vamos transar bastante! (Emojis de fogo)

# Não vejo a hora. Vou te dar muito prazer.

# É o que eu mais quero.

Posterior ao reencontro, Ricardinho e Renata estavam regozijados. A felicidade emanava dos semblantes. O passado renasceu com mais intensidade e paixão. Os jovens tinham a convicção que aquilo que está dando certo não pode ser alterado. Escutemos Ricardinho e Renata:

– Renata, não devemos namorar sério. Não deu certo.

– Sem dúvida!

– Vamos nos ver como antigamente.

– O positivo é que ficaremos com muita saudade.

– Aí “matamos” essa saudade com um sexo bem gostoso.

– Adoro! – exclama Renata.

– Enfim, não somos namorados, mas seremos eternos amantes.

– É fato!

– Amantes para sempre!

– Amantes para sempre!

Ricardinho e Renata se beijaram novamente...

 

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