sábado, 2 de julho de 2022

SUTIÃ LARANJA (TOSTA NETO)



Cláudio trabalha numa distribuidora de medicamentos. Vivia entediado diante do cotidiano desprovido de imprevisibilidade. Para piorar a situação, acabou de sair de um noivado aparentemente promissor. Ele não aceitava a justificativa infundada da noiva para terminar tudo. Achava que jamais encontraria outra mulher; passou a viver recluso e abandonou o seu único lazer: o futebol. A existência de Cláudio resumiu-se ao labor. Ouvia da mãe, frequentemente, a seguinte recomendação:

– Filho, saia um pouco para distrair.

– Não quero.

– Quando não está no trabalho, você só fica no quarto.

– Mãe, eu não tenho o mínimo ânimo. Não aceito o fim do noivado.

– Você é jovem e terá uma vida inteira pela frente. Com fé em Deus, você voltará a ser aquele menino alegre e prestativo.

– Amém! – Cláudio responde com forte entonação de voz.

– Mãe, no próximo final de semana, a empresa irá organizar uma viagem a praia com os funcionários. Eu não vou.

– Vá! Vai ficar fazendo o que em casa? Talvez o mar traga bons ventos para você.

– Pensando bem... eu vou!

– Muito bem, Filho! Não adianta se fechar para o mundo. Siga em frente!

– Sem dúvida! Mãe, obrigado pelo apoio.

– Por nada! Saiba que só quero o teu bem – após a fala, a senhora abraçou carinhosamente o filho.

O ponteiro menor ainda não atingiu o cinco. A chuva fina aumentava a sensação de frio. Cláudio e os demais colegas já se acomodavam no ônibus:

– Posso sentar aqui?

– Claro – responde Cláudio.

– Você conhece a praia que iremos visitar?

– Não. E você?

– Eu também não. Estamos quites!

– Exato.

– Há tempos não tomo banho de mar – comenta Mariana.

– Eu não gosto muito de praia. Só vim para distrair um pouco.

– É isso aí, Cláudio.

O ônibus estava na rodovia que levava ao litoral. Neste ínterim, Cláudio e Mariana conversavam sobre assuntos relacionados ao trabalho. O tempo avançava. Os raios solares rompiam o vidro. O calor pairava no ar:

– Vou tirar o capote. Estou sentindo calor.

– Nossa! Ainda está frio.

– Minha temperatura é alta! – Mariana exclama e, em seguida, emite um sorriso enigmático.

Cláudio foi dominado pelo pensamento: “A blusa é branca e transparente. Percebe-se nitidamente o sutiã laranja. Mariana tem seios grandes. Lá na distribuidora, nunca contemplei esse detalhe. Não nego que tenho uma obsessão por seios assim. Sinto-me atraído”. Durante tal reflexão, o ânimo de Cláudio elevou-se de forma exacerbada. A mudança foi tão explícita que não passou despercebida por Mariana: “O que aconteceu? Percebo que o rosto de Cláudio está mais vívido”.

– Espero que o dia seja agradável.

– Será sim!

– No trabalho, tínhamos pouquíssimo contato.

- Culpa tua. Algumas vezes, tentei aproximar, mas você se esquivava – replica Mariana de forma enfática.

– Digamos que eu estava “cego”.

– Você era muito introspectivo. Tirar uma palavra tua exigia uma grande dificuldade.

– Mari, eu sou tímido.

– Irei quebrar essa timidez!

– Fique à vontade!

Subsequente ao diálogo mais efusivo, Mariana perdeu-se em reflexões: “A energia de Cláudio em relação a mim, mudou. Ele, repentinamente, empolgou-se com a minha presença. O seu olhar se transformou. De vez em quando, os olhos dele pousam nos meus seios. Eu o entendo, afinal, meus seios são volumosos e deliciosos. Há tempos, tenho uma ‘queda’ por ele. Graças a Deus, Cláudio não está mais na condição de noivo. Hoje mesmo, tentarei aproveitar este ensejo que surgiu”.

– Oi, Mariana! Mariana! Volte ao planeta Terra.

– Perdoe-me, Cláudio! Eu estava no mundo da lua.

– Tudo bem. Às vezes, fico assim também. Na verdade, quem não fica?

– Meu Bem, estou sonolenta. Posso encostar no teu ombro? – Mariana não estava com sono, porém quis estabelecer um contato físico com Cláudio.

– Claro! Será um prazer.

– O prazer é todo meu.

“Realmente, a temperatura de Mariana é alta. Deve ser uma mulher quente e lasciva. A pele é macia; ela aplicou um óleo muito agradável. Meu coração ainda está em mil pedaços; efeito do término do noivado. Mas, não posso me fechar para novas experiências. Vou tentar. Por que não?! Afinal, não tenho nada a perder...”

– Mari, acorde. Já chegamos – sussurra Cláudio.

– Consegui tirar um cochilo.

– Ótimo.

O ônibus estacionou perto da praia. Mariana e Cláudio foram os últimos a descer. O sol raiava com vivacidade; o azul do dossel estava deveras intenso, o qual, “cortado” por andorinhas. Coqueiros exibem todo o seu verdor. A areia exalava calor e alvura. As ondas iam e voltavam num movimento mecânico. Apesar de tais questões favoráveis, a praia não estava tão cheia.

– Cláudio, irei naquela barraca colocar o biquíni.

– Vá! Estou te aguardando.

“Independentemente do que aconteça depois, sinto que a energia pesada que me angustiava está esvaindo-se. Ainda bem que seguir a recomendação de minha mãe. Sem dúvida, a intuição materna é fascinante. Fascinante também é o mar: grandioso, forte e misterioso.”

– Voltei.

Cláudio ficou estupefato. Segundos duradouros e silentes. Um maremoto sacudiu o âmago masculino e extirpou a mínima formalidade:

– Mariana, desculpe-me pela sinceridade. Teu corpo é maravilhoso, principalmente os teus seios – Cláudio, sem titubear, afirma com convicção.

– Meu Bem, você ainda não viu nada – risos.

– Queira Deus que eu veja um dia.

– Amém!

– Vamos nos banhar. Venha!

– É claro que eu vou.

– Ótimo!

– Cláudio, eu não sei nadar direito. Qualquer coisa, salve-me – mais risos.

– Combinado, Mari – Cláudio também ri.

Semblantes contentes. Múltiplos sorrisos. Mergulhos sob as ondas. Corpos molhados. Brisa agradabilíssima. Toques nas mãos. Abraços tímidos. A gana carnal recrudesce. Atração de ambas as partes. Excitação elevada! 

“Eu não imaginava sentir um desejo tão forte por ele. Não irei aguentar. Vou beijá-lo aqui mesmo…”

“Que mulher gostosa! Estou muito excitado. Esse biquíni laranja é bem provocante. E os seios? Simplesmente, apetitosos…”

– Mari, vamos caminhar ao longo da praia?

– Ótima ideia!

– Talvez encontremos um lugar mais discreto.

– Além daqueles rochedos, a praia deve estar deserta – ainda ofegante, comenta Mariana.

– Vamos para lá!

– Vamos!

O silêncio impera até os rochedos. Os corações palpitavam cada vez mais…

– Fiquemos aqui. Não tem ninguém nas proximidades.

– Realmente – complementa Mariana, espelhando tensão.

– Mari, relaxe. Estamos sozinhos.

– Tudo bem, Cláudio. Estou assim, pois esperei muito por este momento.

– Ainda bem que ele chegou.

– Venha, Meu Gostoso! Venha!

Cláudio se aproxima de Mariana. Olhos nos olhos. Respirações aceleradas. O jovem faz um pedido curioso:

– Mari, antes do beijo, posso me lambuzar nos teus seios deliciosos?

– Claro! Venha! Eles são todinhos teus…

 

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