Certo dia, o amigo José Júnior compartilhou comigo no WhatsApp uma imagem muito curiosa: uma
suposta aparição de lobisomem no bairro da Portelinha no Km-100. Quando
visualizei, fui tomado por uma sensação de riso, por outro lado, não fiquei
surpreso, pois o Km-100 gosta de cunhar “pérolas”, haja vista a série de
aparições de palhaços em 2015. O fato é que a comunidade em questão está
sintonizada com as lendas urbanas que amedrontam as metrópoles mundiais.
O lobisomem é um mito que permeia o imaginário popular,
emanando uma aura de poder e terror. Naqueles tempos cujo celular não era o
principal meio de distração na infância, as crianças ouviam dos mais velhos
histórias horripilantes do híbrido de homem e lobo. A propósito, o avanço exacerbado
da ciência e da tecnologia gerou a perda do encantamento no homem
contemporâneo, logo, a aparição supracitada não tem o impacto de outrora.
Estamos cada vez mais afastados do mundo mítico, em contrapartida, aumentou a
nossa dependência de meios tecnológicos.
O desencantamento mítico e o consequente afastamento de Deus
lançaram o ser humano hodierno no vazio existencial. É válido enfatizar, que
nos derradeiros anos, por causa da pandemia do Covid-19, houve a sacralização
da ciência, a qual, foi elevada à categoria de divindade que salvaria a
humanidade do terrível vírus. Obviamente, por mais que a ciência seja
imprescindível na resolução dos problemas cotidianos, a mesma não poderá ocupar
o espaço de Deus no âmago humano.
Prezado Leitor, chegará o momento que o ser humano
regressará ao plano divino para assim buscar um sentido para a sua existência.
Por mais que estejamos imersos no mundo material e científico, a transcendência
continua tendo a sua devida importância. Sem a fantasia e o encantamento mítico
a vida seria tediosa e insuportável. Precisamos nos conectar ao âmbito sagrado
e refletir sobre a significância do mito no nosso itinerário existencial.
Acreditar ou não no Lobisomem da
Portelinha não tem a mínima relevância, por conseguinte, deve-se considerar
o peso deste ícone lendário no inconsciente
coletivo.
Reforço que não efetuarei uma análise meticulosa sobre a
veracidade da imagem. Quiçá, estejamos diante de uma montagem, afinal, nos dias
de hoje, os aplicativos fazem verdadeiros “milagres”. O realismo da imagem é
irrelevante, logo o que importa é a intencionalidade do autor. O Lobisomem da Portelinha deve ter
alcançado uma certa repercussão no mundo caótico do WhatsApp, engendrando boas risadas nos internautas, entre os quais,
neste que vos escreve. Apesar do fenômeno de desencantamento do mundo, é
inconteste que o mito do lobisomem persiste com pujança no imaginário popular.
(Tosta Neto,
11/06/2022)
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