sexta-feira, 22 de abril de 2022

A FARRA DOS CONVÊNIOS EM ANO ELEITORAL, AS PEDALADAS DE RUI E O ALL IN DE GERALDO JÚNIOR

Milagres de ano eleitoral

Dizem que ano eleitoral faz milagre, e a Bahia tem sido palco de um dos grandes. O protagonista é o governador Rui Costa (PT) que, graças ao milagreiro ano eleitoral, mudou da água para o vinho e fez "brotar" recursos dos cofres do Estado para convênios com municípios. Após passar sete anos maltratando os prefeitos, que sempre encontraram as portas da Governadoria fechadas, o governador decidiu acarinhar os gestores municipais. Para o São João, o governo anunciou investimento de R$ 10 milhões para os municípios. O valor é quase 60% maior do que a quantia destinada pelo governo em 2019, ano da última festa junina antes da pandemia da Covid-19. Naquele ano, foram R$ 6,3 milhões para prefeituras realizarem seus festejos.

Ouro de tolo
Em convênios gerais com prefeituras, somente de janeiro ao último dia 19 de abril deste ano, já foram mais de R$ 244 milhões em recursos, segundo levantamento obtido pela coluna. Só a título de comparação: em 2018, quando o governador Rui Costa disputou e venceu a reeleição, foram mais de R$ 180 milhões em convênios. Agora, ainda no mês de abril, o valor acordado pelo governo já superou, e muito, este número. Para comparar: em 2017, foram menos de R$ 30 milhões em convênios com prefeituras. Importante lembrar que estas obras sequer foram licitadas e provavelmente só poderão executadas em 2023. 

Pedalada fiscal
O movimento do governo para atrair apoios em troca de convênios começou, na verdade, no final do ano passado. No mês de dezembro, foram mais de 70 convênios firmados com prefeituras, sendo que muitos deles foram publicados no dia 31. Parlamentares que estão analisando estes números apontam que a medida não passa de uma pedalada fiscal do governador. Isso porque estes convênios são pagos em média entre oito e doze meses - ou seja, dinheiro na conta dos municípios só em 2023. Justamente por isso o elevado volume de recursos em Despesa de Exercícios Anteriores (DEA) do ano passado chamou a atenção e já está no radar do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Alerta calote
Entretanto, fica o alerta para os prefeitos: o governo tem a fama de não pagar totalmente os convênios. Estimativa feita por especialistas em contas do estado apontam que, em média, menos de 50% do valor é pago às prefeituras durante as gestões de Rui. Em muitos casos, o governo chega a não pagar nada. Prefeitos mais experientes já estão fazendo esse alerta e avisando inclusive a secretários de Rui e a seus deputados.

Cadê a ajuda?
Enquanto isso, prefeitos de cidades que sofreram com as chuvas ainda esperam uma ajuda mais efetiva do governo. A grande insatisfação é que, em ano eleitoral, o governador, que sempre se queixou da falta de dinheiro, resolveu abrir os cofres em troca de apoio para seu candidato e "esqueceu" dos problemas do Estado, muitos deles urgentes, como aqueles motivados pelas enxurradas, principalmente nas regiões Sul e Extremo Sul. 

Rasteira
O apoio do prefeito de Jequié, Zé Cocá, à pré-candidatura de ACM Neto está dando o que falar. Aliados admitem que o movimento deixou Rui Costa transtornado. O governador do PT trabalhou pessoalmente para que Zé traísse João Leão e seguisse na base petista, mas as investidas foram frustradas. Tido como um dos principais nomes do PP baiano, Zé Cocá tem sofrido ataques ferrenhos dos apoiadores de Rui. 

Apoios perdidos
Rui avaliou o movimento de Zé Cocá como uma afronta pessoal, e avisou que não vai deixar barato. Mas a verdade é que o prefeito de Jequié não foi o único que debandou para a base de ACM Neto. Esta semana, duas importantes lideranças também oficializaram o apoio ao pré-candidato do União Brasil: os prefeitos Dr. Pitágoras, de Candeias, e Carroça, de Rio Real.

Sem acordo
Na última semana, um prefeito do PP de uma pequena cidade da Bahia foi chamado por Rui para uma conversa na Governadoria. Recebido com muita pompa, conta um interlocutor com acesso ao Palácio de Ondina, o prefeito recebeu do petista uma proposta de convênio de R$ 5 milhões. O gestor municipal prontamente aceitou e disse que já tinha obras esperando os recursos. Rui, contudo, alertou que o dinheiro só seria pago em caso de apoio ao candidato do PT ao governo, Jerônimo Rodrigues. O prefeito, então, recuou e disse que já tinha um acordo selado para apoiar ACM Neto. Quem presenciou o encontro contou que o governador ficou abismado com a recusa. "Fez cara de poucos amigos", relatou uma fonte. "Em oito anos de governo Rui, o prefeito nunca viu tanto dinheiro oferecido para sua cidade", continuou. 

Vai vestir vermelho?
Tem causado estranheza entre bolsonaristas na Bahia a postura do vereador Alexandre Aleluia (PL), que posa de seguidor do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas se aliou ao presidente da Câmara, Geraldo Júnior (MDB), hoje pré-candidato a vice na chapa do PT, partido antagônico ao grupo do capitão. Além de ter se aliado, Aleluia tem defendido as movimentações nada republicanas de Geraldo, o que gerou desconfiança e burburinho no meio bolsonarista. Já há quem questione se Aleluia trabalha nos bastidores para ajudar a chapa do PT. O movimento do vereador tem gerado críticas de seguidores do capitão e, pelo que dizem bolsonaristas, Aleluia está perdendo apoio na ala mais ideológica da direita. 

All in
Sempre bem-humorado, Geraldo Júnior tem causado estranheza entre os aliados. Na última semana, ele estava nervoso e bastante irritado. Quem o conhece, aponta que a tentativa de um "all in" (tudo ou nada no pôquer) político está deixando o “líder” carrancudo. E se der errado? 

Futuro nebuloso
Com as pesquisas de opinião cada vez menos otimistas para a chapa do PT, Geraldo tem visto uma perspectiva nada favorável após as eleições, dizem interlocutores, principalmente porque o presidente da Câmara ficou com a fama de traíra e sem viabilidade política. Acreditam ainda que é questão de tempo para que a "manobra" para ser reeleito presidente da Câmara seja derrubada na justiça. 

Desespero
Nesta semana, as novas manobras feitas por Geraldo foram interpretadas como "um grau de desespero muito grande" entre vereadores da Casa. Além de abrir "na tora" a sessão no Legislativo, mesmo sem quórum, ele ainda cortou a fala de vereadores e apagou a luz enquanto havia gente no Plenário. Sem contar na nomeação de presidentes das comissões, o que foi uma afronta ao Regimento e à Lei Orgânica. E tudo feito às claras, sem nem esconder. 

Base unida
Os movimentos considerados desesperados de Geraldo não foram suficientes para desarticular a base do prefeito Bruno Reis na Câmara. A foto com a grande maioria dos representantes em frente ao Ministério Público foi uma prova da união.

*CORREIO - Coluna Alô Alô Política

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