É uma palavra muito presente na vida
dos brasileiros, porém, não muito querida pois representa um grande problema.
Se você assim como eu não viveu na chamada "década perdida” que foi entre
os anos de 1980 e 1990, quando ocorreu uma hiperinflação de 80%, é com muito
pesar que vos falo que, apesar do Real ser uma moeda mais estável que suas
antecessoras, estamos presenciando um novo momento crítico.
Quem viu o surgimento do Real sabe que
as coisas estão muito mais caras. Em 1994 o litro da gasolina custava apenas
R$0,50, realidade muito distante da nossa. Porém, desperta um questionamento
pertinente: como em 26 anos com todo o avanço tecnológico e desenvolvimento o
preço ficaria mais caro? E de fato não ficou, contrariamente, ele barateou,
assim como a maioria dos produtos que consumimos. Parece uma aberração esta
afirmação, mas enxergamos isso se compararmos os preços com o valor da grama do
ouro ou de alguma moeda estável, chegando a conclusão de que o que variou
foi o Real e não o preço dos produtos. Mas como o dinheiro se desvaloriza
tanto? O que causa essa desvalorização?
Para responder essas perguntas
precisamos entender como o dinheiro possui valor. O dinheiro surgiu de forma
espontânea; a princípio utilizavam-se pedras e metais preciosos, que, por serem
escassos e possuírem grande liquidez, eram um meio de troca facilmente aceito.
Com o avanço da sociedade e o advento dos bancos surgiram os recibos, vales
referentes a quantia de moeda guardada. Isso se transformou no dinheiro em
papel que conhecemos.
De início as cédulas de dinheiro
emitidas pelo governo eram lastreadas, ou seja, limitadas pela quantidade de
metais preciosos em sua reserva, não podendo ultrapassar o valor. Porém com o
surgimento dos estados modernos e da moeda fiduciária, esse lastro foi
abandonado e a emissão de moeda passou a ser controlada pelo próprio Estado; a
certeza de que uma cédula equivalia a uma quantia de ouro não existe mais, e o
valor da moeda se dá na confiança do trabalho do governo.
Os preços dos produtos estão sempre
variando, principalmente os que dependem de fatores naturais como frutas e
vegetais; se houver uma colheita farta o preço da mercadoria irá diminuir,
porém se for exígua o preço certamente subirá, é a lei da oferta x demanda. Com
o dinheiro isso não é diferente, uma moeda que possui muita quantidade em
circulação ou que está sendo emitida sem nenhum lastro irá desvalorizar-se, e
isso é exatamente a definição de inflação.
O problema inicia quando o governo
precisa de dinheiro, por conseguinte a forma menos prejudicial de aquisição é
por meio da cobrança de impostos, porém isso causa impopularidade; o método que
a maioria dos governantes adotam, inclusive no Brasil, é a inflação, emitindo
moeda de forma descontrolada para financiar um Estado inchado, aumentando a
quantidade de dinheiro em circulação e consequentemente reduzindo seu valor.
Como ocorreu na Roma Antiga, onde o Imperador Nero reduziu o teor de prata do
denário, de 98% para 93%, aumentando a quantidade de moeda produzida com o
mesmo volume de prata, gerando uma terrível desvalorização do denário,
impactando fortemente na economia romana.
Isso causa um desequilíbrio terrível
aos consumidores, que acabam trabalhando mais e comprando menos, exatamente o
que acontece em nosso país. Traduzindo, na teoria a inflação não é o aumento do
preço dos produtos, ao contrário, é a desvalorização da moeda, na prática é uma
forma camuflada de roubo, pois por meio da manipulação da moeda alguns ficam
mais ricos e nós ficamos mais pobres.
(Abraão Brito, 11/09/2021)
@abraaobritost
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