A priori, este artigo não pretende traçar
equivalências da disputa Estados Unidos x China à Guerra Fria clássica protagonizada por EUA x URSS; por isso que não
cunhamos o título: a Segunda Guerra Fria. Após a desagregação da União
Soviética em 1991, a Globalização recrudesceu,
absorvendo países que fizeram parte do bloco socialista. No século XXI, a
tecnologia avança num ritmo alucinante, fator que derrubou as barreiras do
tempo e do espaço, consolidando de vez a Aldeia
Global. Na Guerra Fria (1946-1991),
presenciou-se a contenda política, econômica e ideológica entre Capitalismo e
Socialismo, porém, nos tempos hodiernos, apesar de potências importantes terem
um Estado grande e interventor, testemunhamos o império do sistema capitalista.
Por ora,
reflitamos um pouco sobre a China. O gigante asiático apresenta o chamado Capitalismo de Estado, cuja economia é relativamente
regida pelas leis do mercado. Por sua vez, a política segue a cartilha
socialista com Estado forte e regime unipartidário. Ademais, o Partido Comunista
Chinês (PCC), controlado por Xi Jinping, mantém o valor baixo do yuan (moeda
nacional) para que o produto chinês seja competitivo no mercado mundial. O
advento do país mais populoso da Terra no comércio global provocou uma
revolução nos preços, graças ao aumento substancial da oferta, abarrotando o
mundo com produtos Made in China. Nas
derradeiras décadas, a China ostentou um crescimento anual do PIB bem superior
à média mundial, inclusive num patamar acima dos Estados Unidos. A propósito,
projeções apontam que a gana chinesa em prol do status de principal potência
econômica do planeta é uma possibilidade exequível, caminho que foi encurtado
pela pandemia do Covid-19. Por sinal, a China já recuperou o ritmo de
crescimento do PIB próximo dos índices anteriores à fase pandêmica.
A China deseja
com ardor atingir o posto de potência hegemônica, intento confirmado por Xi
Jinping no mais recente congresso do PCC. Tal objetivo perpassa por uma
presença marcante no volume comercial de produtos tecnológicos. Por exemplo,
aqui no Brasil, a maioria dos produtos supracitados que consumimos são oriundos
da China, suscitando no inconsciente
coletivo a seguinte afirmação: “A China está dominando o mundo”. Cientes de
tamanha pujança e audácia, os Estados Unidos estão a reagir, haja vista o
estabelecimento de tarifas alfandegárias para algumas mercadorias chinesas,
sobretudo no governo de Donald Trump. A guerra comercial entre Estados Unidos e
China é meio ambígua, pois tais países são grandes parceiros comerciais, um
fenômeno que não foi tão evidente na Guerra
Fria. Além disso, devemos enfatizar que os Estados Unidos e outras
potências estão perdendo filiais de multinacionais para a China, as quais, atraídas
por alguns fatores: ausência de leis trabalhistas, mão de obra barata e vasto
mercado consumidor.
Prezado Leitor,
adicionaremos uma página relevante neste singelo artigo: o revigoramento da
corrida espacial. Confiramos os fatos nas linhas subsequentes. A China está
construindo sua própria estação espacial que concorrerá com a Estação Internacional, esta última,
conta com capital e aparato tecnológico advindos dos Estados Unidos. A nação
asiática também já consumou planos para explorar o solo marciano. Obviamente,
os Estados Unidos não estão a assistir de forma passiva tais movimentos; por
conseguinte, intensificou as explorações do território de Marte e tem missões
enveredadas para Vênus. Caro Leitor, permita-me um adendo: estas missões interplanetárias
não são tripuladas. Doravante, salientaremos a corrida bélica contemporânea. A
cada ano, a China eleva seu orçamento militar e vem guarnecendo a marinha de
guerra, porque objetiva consolidar a sua posição no Mar do Sul da China, além de estabelecer uma infraestrutura que
possibilite maior alcance no Índico e
sobretudo no Pacífico. Contudo, os
vultosos investimentos não são suficientes para igualar a Marinha Chinesa à
Marinha dos Estados Unidos.
Conforme os
argumentos desenvolvidos anteriormente, a China tem um longo itinerário a
percorrer até alcançar o 1º lugar na corrida econômica e militar. O descomunal
poder ratificado pelos Estados Unidos no século XX ainda tem bases sólidas. Em
contrapartida, somos induzidos a indagar: o que acontecerá quando a China
equiparar-se aos Estados Unidos no âmbito bélico e econômico? É deveras difícil
efetuar uma previsão. Será que veremos,
uma vez mais, a consumação da Armadilha
de Tucídides? Aguardemos o devido tempo histórico para responder de forma
relativamente segura as perguntas apontadas neste parágrafo. O fato é que não
podemos subestimar a marcha frenética de crescimento do PIB e a grandiosa
capacidade tecnológica da China. O gigante asiático chegou no mercado global
com toda fome e voracidade, sonhando com o título de potência hegemônica
mundial. Desde já, os Estados Unidos precisam ligar o sinal de alerta e
reinventar-se economicamente, senão serão “devorados” pelo Dragão Chinês.
(Tosta Neto, 24/07/2021)
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