Quando ainda estava no 9º ano do Ensino Fundamental, o estudante Pedro Aníbal tomou uma decisão que definiria sua vida a partir dali: queria fazer faculdade nos Estados Unidos. O que ainda podia ser um sonho distante para um jovem de Feira de Santana virou uma rotina de estudos pesada nos anos seguintes.
Hoje, aos 17 anos, ele conseguiu um feito raro: alcançou a pontuação 1540 no exame SAT, a prova que é como um Enem estadunidense. A pontuação máxima do SAT é de 1600 - e são raros os estudantes, no mundo, que conseguem alcançá-la. A média, mesmo entre os estudantes americanos, é de 1000. Isso significa que, de acordo com o próprio exame, Pedro ficou entre o 1% de alunos que mais acertaram em todo o mundo.
“É um processo difícil, mas eu queria muito ter essa experiência diferente. Queria ter essa outra perspectiva na minha vida e meus pais me incentivaram a buscar isso”, diz Pedro, que acabou de concluir o 3º ano do Ensino Médio no Colégio Helyos, em Feira de Santana.
Além da nota na prova geral, Pedro também teve resultados maiores nos exames específicos - os chamados SAT Subject Tests. Ele fez testes de Matemática Nível 2 e Química e chegou a 800 e 780 pontos, respectivamente. A nota máxima, nas provas específicas, é de 800.
Apesar do interesse e dos resultados na área de Exatas, Pedro ainda não escolheu o curso que quer fazer. “Gosto de economia, engenharia, mas não tenho uma área definida. Esse é um dos pontos positivos dessa oportunidade, porque posso explorar muito mais o que eu tenho que fazer. Se eu fosse fazer no Brasil, teria que escolher o curso agora. Lá, eu posso escolher enquanto formo uma opinião”.
Projeto
Na escola, desde o 9º ano, Pedro começou a fazer parte do chamado Project U, uma iniciativa destinada a preparar estudantes para universidades estrangeiras. Em aulas semanais, o programa explica desde como se inscrever nas instituições até como se preparar para os exames. Além do próprio SAT, há outras provas importantes, como a do Toefl, um teste de proficiência em língua inglesa exigido pela maioria das universidades.
Mas, em 2020, as coisas se intensificaram. Para conseguir a nota no SAT, Pedro chegava a estudar 11 horas por dia, de segunda a sábado. Mesmo assim, ele não descuidava das avaliações regulares no colégio, que também são avaliadas no processo de seleção.
“É interessante porque, de certa forma, a pandemia ajudou. Como as aulas foram online, eu tinha alguns intervalos e tinha ainda mais tempo para me dedicar aos estudos. Na sexta-feira, terminava tudo da escola e, no sábado, me dedicava à application (nome do processo de candidatura, em inglês). De manhã, fazia um simulado do SAT e, à tarde, escrevia as redações”.
Mas, ao contrário do Brasil, que usa apenas as notas do Enem para selecionar estudantes, as universidades dos Estados Unidos funcionam de outra forma. Lá, o processo de candidatura envolve outros aspectos - inclusive análise de atividades extracurriculares, cartas de recomendação e textos escritos pelos próprios estudantes.
Hoje, Pedro está finalizando a aplicação para ao menos 10 instituições, incluindo algumas como a Universidade de Stanford e a Universidade de Yale. Os resultados, porém, só devem sair entre março e abril, para início das aulas no segundo semestre.
“Nesse projeto da escola, a gente aprende que é bom ter atividades extracurriculares que mostrem para a universidade qual é a sua paixão, que você faz algo fora do currículo normal”, explica Pedro.
Foi assim que ele chegou a desenvolver uma pesquisa independente sobre mindset, que é um modelo pelo qual uma pessoa pensa. Na investigação, ele analisou a saúde mental de estudantes com mais tendência ao chamado mindset de crescimento e ao mindset fixo. A pesquisa rendeu um artigo científico que já foi aprovado para publicação na Revista Brasileira do Ensino Médio. O texto deve ser publicado no próximo volume do periódico, ainda este ano.
*CORREIO
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