"AMARGOSA: MÍDIA PARA A COVID-19 E INÉRCIA POLÍTICA CONTRA A DENGUE", POR VIVIANE SANTANA
Os gastos com publicidade de mais de R$ 770 mil reais da Prefeitura Municipal de Amargosa, para glamurizar à presença do prefeito municipal em rádio local, em páginas de redes sociais e em lives que, diariamente, repetem boletins epidemiológicos, analisam dados estatísticos nacional e estadual e, parecendo não querer muito diálogo, brinca de publicar decretos semanais abrindo alguns comércios, fechando outros e demonstra todo insucesso desses documentos, com feiras aos sábados lotadas e sem nenhuma organização sanitária. Haveria alguma comissão municipal, composta pelo gestor, pelos vereadores, por profissionais da saúde e pela população para se discutir esses decretos?
Se essa situação é grave, muito mais se é o outro lado da moeda, agora bastante minimizado pelo Executivo: o aumento exponencial dos casos de dengue, zika e chikungunya em Amargosa!
O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (MS) indica que de janeiro até março foram notificados 557.750 casos prováveis da doença. A taxa de incidência apontada pelo MS é de 265,4 casos por 100 mil habitantes.
No período analisado, as Regionais de Saúde na Bahia com os maiores Coeficientes de Incidência (CI) foram: Jequié (603,5 casos/100 mil habitantes), Amargosa (566,0 casos/100 mil habitantes) e Caetité (361,1 casos/100 mil habitantes). No âmbito municipal, Barra do Rocha (3.097,7 casos/100 mil habitantes), Jacaraci (2.782,6 casos/100 mil habitantes), Jaguaquara (2.328,1 casos/100 mil habitantes), Amargosa (2.134,7casos/100 mil habitantes) e Nova Fátima (2.086,5 casos/100 mil habitantes) apresentaram os maiores casos registrados no estado da Bahia. (Fonte: Boletim Epidemiológico de Arboviroses nº 02/2020.).
Essa segunda colocação no ranking Estadual tem impactado muito na vida do nosso povo, 3 de cada 4 famílias de Amargosa tiveram ou tem um membro familiar acometido por esse vírus que tem como principais sintomas: febres e dores nas articulações e, casos de dengue hemorrágica já acontecem aqui. Se esses sintomas já representam graves consequências na vidas das pessoas, o pior sintoma é ver a ineficaz presença “TOP” da prefeitura na prevenção e no cuidado com a saúde de sua população.
Nosso povo está amargando às dores de uma tripla epidemia: a da COVID-19, a da dengue e a ineficácia por parte da prefeitura em combater essa virose. Mas, também não poderia ser diferente: faltam insumos, faltam suportes e falta valorização aos agentes de endemias, há muito tempo com uma enorme defasagem em seus salários e falta, sobretudo, eficiência na política de vigilância sanitária e infraestrutura médico-ambulatorial. Se tem faltado tanta coisa, tem dinheiro e pessoal de sobra para dedicar-se à propaganda de que Amargosa é top!
Não se pode minimizar essa situação grave com o argumento de que a COVID-19 mata mais do que a dengue. A mídia utilizada pela gestão municipal para o novo vírus tenta criar uma cortina de fumaça para encobrir à seguinte constatação: nesse mesmo período foram confirmados 404 casos de dengue grave e 4.785 casos de dengue com sinais de alarme (DSA).
Foram confirmadas 205 mortes por dengue e outras 202 estão em investigação. No fim das contas, a taxa de mortalidade tanto da dengue quanto do Coronavírus é assustadora, porque sendo uma morte apenas, que não é o caso, já deveria merecer à atenção de um gestor público.
Portanto, existem duas frentes nesse combate: a primeira, a população se conscientizando do cuidado com seus quintais e locais que possam acumular água. Já há uma contribuição, digna de aplausos, da população e dos agentes de endemias! Mas, a segunda frente, é a Prefeitura Municipal de Amargosa reconhecer o problema e encontrar estratégias de solução.
Se o dinheiro público é nosso, temos a liberdade de aconselhar o gestor: gaste o dinheiro com aquilo que realmente é útil ao bem-estar e a saúde da população, isso não se faz com mídia, mas sim com ação.
Viviane Santana – Vereadora
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