Agricultura vem do latim agricultura, composta por ager
(campo, terra) e cultura (cultivo),
no sentido estrito de “cultivo da terra”.
Qualquer grande nação precisa ter uma agricultura forte. As civilizações
antigas tiveram como base econômica a agricultura. Na economia, a agricultura
está no setor primário. Afirmar a importância da agricultura soa como uma
redundância. A agricultura é imprescindível para compreender o desenvolvimento
econômico na história. Não se deve negar o peso expressivo da economia no
estudo histórico da humanidade. A palavra economia origina-se no termo grego oikonomos e pode ser entendida como “aquele que administra um lar”. Eis a
administração dos recursos do lar, logo, temos uma lei básica da economia: os recursos são escassos. É necessário
equilíbrio na administração dos recursos que sustentam a casa, a aldeia, a
cidade etc.
Desde o Paleolítico (Velha Idade da Pedra), o ser humano teve “jogo de
cintura” para administrar os recursos primordiais à sobrevivência. Nesta época,
a agricultura ainda não existia; os grupos humanos eram nômades, viviam da
caça, pesca e coleta de frutos e raízes. Obviamente, os nossos ancestrais observavam
os fenômenos da natureza: perceberam que sementes espalhadas pelos pássaros e
outros animais, brotavam e davam origem a novas plantas. A partir daí, por
volta de 9.000 a.C., surge a agricultura, marco inicial do Neolítico (Nova Idade da Pedra). Só para efeito de curiosidade,
alguns historiadores trazem o termo Mesolítico,
que é uma fase de transição das idades supracitadas, períodos que formam a Pré-História. A agricultura não surgira
de “um estalo de dedos” ou “num piscar de olhos”. As mudanças e descobertas na
história são oriundas de um processo de longa duração.
O advento da agricultura oportunizou
uma maior oferta de alimentos, tendo como consequência o aumento da população.
Deve-se enfatizar também o uso dos metais nesta conjuntura, fator básico no
fabrico de ferramentas mais eficientes. Com a agricultura, o homem passou a
produzir o seu próprio alimento, por conseguinte, não havia a premente
necessidade de deslocar-se de um lugar para o outro. A sedentarização
possibilitou a formação de aldeias neolíticas (6.000 a.C.) no Oriente Médio. As
aldeias em questão tinham como pilar econômico o trigo, importante fonte
alimentícia. O subsequente crescimento populacional proporcionara o
aparecimento das cidades. Doravante, teremos um elemento novo na história: a
vida urbana.
Viver na cidade apresentava as suas
especificidades. Era mister organizar a sociedade conforme um aparato
administrativo para impor a ordem. A vida na urbe é um critério assaz relevante na constituição do Estado. A civilização que conhecemos está
alicerçada no arcabouço estatal. O Estado surgiu com diversas atribuições:
construção de obras públicas, administração da cidade, criação e aplicação das
leis, zelo pela segurança, etc. O Estado nascera no bojo da Revolução
Agrícola, esta última, impulsionada
pelos grandes proprietários de terra. A revolução econômica no Neolítico, literalmente, “pariu” o
Estado. Em tempos hodiernos, é muitíssimo difícil imaginar a sociedade
desprovida do Estado. Afirmo categoricamente: não existe a civilização sem
o Estado.
Inestimável Leitor, continuarei a
narrar as consequências da Revolução Neolítica. O comércio tem suas raízes na
agricultura, ora, o excedente da produção fora deslocado às trocas comerciais.
Ademais, os registros de colheita, estoque de alimentos, transações de comércio
e o recolhimento de impostos delinearam a necessidade de um meio para organizar
essa gama vasta de informações, portanto, suscita-se a escrita por volta de
4.000 a.C. Alguns historiadores, sobretudo da corrente positivista, atestam o
surgimento da escrita como marco inicial da Idade Antiga. No âmbito da
Revolução Agrícola, a pecuária adquire significância; a maior oferta de lã
ovina, e o linho e o algodão das lavouras, guarnecem a tecelagem, melhorando de
forma expressiva a qualidade das vestimentas.
É insofismável a ligação umbilical
entre a humanidade e a agricultura. Desde os primórdios da civilização, tal elo
já era explícito. No Egito Antigo, a agricultura desenvolvera-se nas margens do
Rio Nilo. A economia estava peremptoriamente enraizada na agricultura, tão enraizada,
que o povo egípcio via o Nilo como uma divindade, denominada Hapi. Na Índia, os rios Indo e Ganges
não fugiram deste script. Na teoria
econômica, a escola fisiocrata no século XVIII, cujo principal representante
foi François Quesnay, argumentou ser a terra a única fonte de riqueza. Os
fisiocratas defenderam a tese que apenas a agricultura fornece as
matérias-primas essenciais à indústria e ao comércio. Traçando um paralelo com o
século XXI, a balança comercial brasileira tem o status de superávit primário
graças a agricultura. Por sinal, o Brasil é um dos maiores produtores de
alimentos do mundo. Enfim, cada linha deste modesto artigo tentou mostrar o
quão a agricultura foi importante no progresso da civilização. Os países não
podem dar-se ao luxo de prescindir da agricultura. Vida longa à agricultura!
(Tosta Neto, 01/03/2020)
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