Afonso e família moravam numa
pacata vila praieira. O fluxo de pessoas era deveras reduzido ao longo do ano,
aumentando um pouco no verão. A vida do garoto de 18 anos era monótona: escola,
casa, praia e casa. O vazio da existência afligia o âmago do pobre jovem. O
verão se aproximava e a possibilidade de boas-novas surgia no horizonte.
Afonso “matava o tempo” lendo HQs
da Marvel e assistia séries da Netflix (Stranger
Things e The Witcher eram as suas
favoritas). Também gostava de tocar músicas de Legião Urbana no violão. O jovem estava na 3ª série do Ensino Médio
e já projetava o ingresso na faculdade.
O quarto de Afonso, apontado para o
leste, localizava-se no 1º andar. Ele abria a janela e perdia horas a admirar a Lua. Misteriosamente, ele sentia uma ligação afetiva pelo satélite
da Terra. Em noites de Lua Cheia, a euforia ficava “a flor da pele” e tinha
mais disposição para fazer as coisas.
O Sol estava cada vez mais próximo
dos trópicos. A primavera se esvaia. O verão nascia com todo fulgor. A brisa
marinha adentrava o quatro de Afonso, enquanto o garoto se deliciava na leitura
da Saga do Infinito. Ultimamente,
Thanos era quase uma figura onipresente na mente do jovem; certa noite, até
sonhara com o Titã Louco.
O número de visitantes foi elevado
na singela vila. Na vizinhança de Afonso, uma casa foi alugada. Certo detalhe
“roubou” a atenção do garoto de “mente fértil”: um biquíni preto no varal da
residência recém-alugada. Ele começou a especular: “será que a dona do biquíni preto é bonita? Será que ela tem namorado.
Talvez seja uma mulher casada. Eu já gosto de ficar imaginando este tipo de
coisa.” O garoto pegou no sono pensando no bendito biquíni preto.
O dia nasceu com muita luz. O Sol imperava
no dossel. Era uma manhã de domingo típica de verão. Afonso acordou com toda
disposição; resolveu que naquela manhã iria banhar-se nas águas de Iemanjá:
– Filho, você acordou bem-disposto.
– Sim Mãezinha. Hoje estou com 110%
de energia!
A casa de Afonso situava-se a
poucos metros da praia. O garoto tomou um café reforçado, passou protetor solar
e rumou ao reino de Poseidon. Sentou na areia e contemplou a imensidão do mar.
Repentinamente, uma imagem “quebrou” o seu estado de reflexão. Uma garota emergiu
das águas. O olhar de Afonso foi capturado. A beldade saiu da praia e tomou o
rumo de casa; passou ao lado de Afonso e olhou discretamente. O coração do
garoto acelerou: “eis a dona do biquíni
preto. Ela é linda e tem um corpo maravilhoso. Que mulher atraente!”
Afonso mergulhou. Sentiu a vibração
marinha, porém não conseguia tirar a garota do biquíni preto da cabeça: “ela é deslumbrante! Que corpão! Uma
verdadeira sereia!” Perto do meio-dia, voltou para casa. Subsequente ao
almoço, durante a sesta, pensou incessantemente na dona do biquíni preto.
No fim da tarde, Afonso é acordado
pela mãe:
– Filho, você dormiu a tarde toda.
– É verdade Mãe. Hoje, eu nadei
bastante. Estava um pouco cansado.
– Daqui a pouquinho, vá comprar o
pão.
– Irei sim Mãezinha.
No caminho até a padaria, Afonso
foi surpreendido pela aparição da dona do biquíni preto:
– Olá. Com licença. Onde fica a
farmácia mais próxima?
– Olá. Estou indo para a padaria.
Na volta, te levo na farmácia.
– Está bem. Então, posso te
acompanhar?
– Claro!
– Você mora aqui na vila?
– Sim. E você?
– Moro no interior. Perdoe-me! Nem
me apresentei para você. Sou a Luna.
– Prazer! Afonso – ele pegou na mão
dela e deu um afável beijo no rosto.
– Enfim. Vamos fazer nossas
comprinhas.
– Agora mesmo. Serei o teu guia. A
vila é muito grande. Comigo, você não irá se perder – risos.
– Com certeza!
No trajeto, Afonso comentou: “ela é muito educada e tem uma ótima
energia. O perfume dela é agradabilíssimo. Estou nervoso por dentro. Acho que
disfarcei bem.”
Após as comprinhas:
– Luna, te deixarei em casa.
– Grata! Você é um cavalheiro.
– Por nada! Fico feliz com tuas
palavras.
– Fui apenas sincera.
– Ah! Você tem WhatsApp?
– Tenho sim. Anote.
– Mais tarde, te envio um “oi”.
– Combinado.
– Chegamos. Até mais.
– Até. Grata pela companhia.
– Foi um prazer te acompanhar.
Afonso estava radiante. O coração
pululava de alegria. Inesperadamente, ele conheceu a dona do biquíni preto. O
encantamento era visível no semblante:
– Mãezinha, aqui o pão –
cantarolava Eduardo e Mônica.
– Você está muito alegre.
– Com certeza Mãezinha! São as “coisas
feitas pelo coração”.
– Esses jovens se apaixonam
facilmente.
O Sol partiu para o Japão. O
firmamento estava desprovido de nuvens, possibilitando a visualização da
constelação de Virgem. Afonso exalava ansiedade para enviar uma mensagem a
Luna; tomou café e correu para o quarto. Ele viu que ela se encontrava on-line. Sem delongas:
# Olá Luna.
# Olá Afonso. Pensei que tinha
esquecido de mim.
# De jeito nenhum.
# Certo.
# A nossa conversa foi muito
agradável. Até pareceu que eu já te conhecia.
# Também tive essa sensação.
# Você é uma mulher cativante.
# Obrigada! (Emojis de carinha
vermelha)
# Posso te falar algo?
# Sim.
# Não parei de pensar em você.
(Emojis de carinha envergonhada)
# Eu também não.
# É muita sintonia entre nós dois.
# Concordo plenamente contigo Meu
Bem!
# Você é um Amor. Quando te vi pela
primeira vez fiquei encantado.
# Sério?
# Sério!
# Fico feliz! (Emojis de coração)
A conversa avançou até a
madrugada...
Após a sesta:
# Luna, você estará ocupada nesta
noite?
# Não.
# Vamos sair para tomar um milk-shake?
# Vamos sim. Eu adoro milk-shake. Qual horário?
# Às 7h30.
# Combinado. Até mais.
# Até mais.
# Beijinhos doces.
# Beijinhos carinhosos.
Céu límpido. Temperatura amena.
Ondas calmas...
– Afonso, você foi pontual.
– Claro! O momento é especial.
Pontualidade britânica. Vamos tomar o milk-shake,
depois passamos na praia para observar a Lua e as estrelas.
– Combinado.
A brisa marinha incide no casal de
“amigos”. Passos vacilantes. Um silêncio misterioso. Praia deserta. A luz lunar
revelou o nervosismo nas faces. O jovem balbucia: “estou nervoso. Meu coração vai sair pela bola.” Luna sentou na
areia; Afonso também. Ele segurou levemente a mão dela. Luna pousa o rosto no
ombro de Afonso. Os dois sentiram uma profunda sensação de paz.
Beijo suave e longo nos lábios
femininos. A suavidade se dissipa. Línguas entrecruzadas. Respiração ofegante.
Corpos trêmulos de desejo. Peças de roupa espalhadas na areia. Lábios exploram
o corpo feminino. Línguas coincidem no excitante ato. Partes íntimas
intumescidas. Ato máximo. Instinto puro. Racionalidade zero. Apogeu dos
princípios masculino e feminino. Gemidos graves e agudos. A Lua Cheia ilumina o
enlace carnal. A posição mais animalesca reina. O gemido agudo fica mais forte
e intenso. Suor percorre a face. Movimentos mais bruscos e rápidos. A energia
interior explode. Coincidência nos gozos. Uma sensação relaxante apodera-se dos
corpos. Afonso olha para o lado oposto de Luna. O pormenor na areia chamou a
sua atenção: o biquíni preto.
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