sábado, 21 de março de 2020

CONTATINHO DE LÉO SANTANA: O CLÁSSICO DA MÚSICA UNIVERSAL (TOSTA NETO)

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Há músicas que nascem fadadas à eternidade, entre as quais, I Will Always Love You interpretada por Whitney Houston, Wind Of Change do Scorpions e Thriller de Michael Jackson. Obviamente, não deixaria de citar Contatinho de Léo Santana; confesso que fiquei inebriado quando ouvir esta obra-prima pela primeira vez. A melodia tem uma complexidade harmônica incomparável. A qualidade da letra despertaria inveja em Camões e Castro Alves. Para interpretá-la, é necessário um cantor à altura, logo, o “Gigante” Léo Santana fez jus ao hercúleo desafio. Não esqueçamos da participação especialíssima de Anitta (diva da música mundial). Este dueto tem o poder de transformar qualquer canção num “diamante rosa” da história da música.
Digníssimo Leitor, farei uma reflexão da letra, não obstante, analisarei versos específicos, senão precisaria da eternidade para consumar tal proeza. Primeiros versos:

Alô tudo bem? Ahn
Léo Santana
Tá pensando que eu sou o quê
Sempre que eu quero tá disponível
Se eu abrir minha agenda pra tu ver
Eu tô com mina de A a Z.

O termo pensando traz um diálogo com a filosofia de René Descartes, precisamente à famosa síntese do pensador francês: “Penso, logo existo”. A palavra articula-se ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, nos concedendo uma versão contraída da terceira pessoa do singular do verbo ESTAR. A parte Tu ver, eu tô com mina de A a Z, demonstra perícia em conjugação verbal, além de salientar nas entrelinhas a história do alfabeto.
Mais alguns versos:

Eu gosto até dessa louca
Mas tá brincando comigo
Ela rebola gostoso
Só que já deu pra você.

Eis uma analogia ao hedonismo, característica eminente do Renascimento. Poderíamos inferir que Contatinho é uma música atemporal, pois tece um diálogo com diversos períodos históricos. Leitor, seja sensível, perceba a grandiosidade desta “pérola” poética: “Ela rebola gostoso”. Nestes versos, temos uma incursão no mundo do eu-lírico; a subjetividade do autor é evidenciada, por conseguinte, é notório um nexo com o Romantismo. O indivíduo que escuta Contatinho é afetado nas profundezas do âmago, sendo elevado ao estado de êxtase mental. Arrisco-me parafrasear Dorival Caymmi: quem não gosta de Contatinho, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé.
Outros versos:

Tu foi sentar em outro lugar
Senta, senta, senta, senta
E quem mandou você brincar?
Tu foi sentar em outro lugar.

Leitor, de pureza d’alma, eu não tenho conhecimento de causa para refletir sobre a estrofe acima; minha capacidade intelectual está muito aquém de tão difícil empreitada. Apenas gênios da humanidade como Albert Einstein, Leonardo da Vinci, William Shakespeare, Machado de Assis etc., estariam aptos a realizar o exercício de hermenêutica em questão. Apesar de minha limitação, atrevo-me efetivar um pobre comentário acerca da riqueza vocabular supracitada: em míseros 4 versos, o verbo SENTAR e sua conjugação na 3ª pessoa do singular aparecem 6 vezes. Defrontamo-nos com a máxima criatividade que a inteligência humana pode atingir.
Contatinho já tem um lugar cativo na prateleira da história da arte; o inclemente tempo passará e daqui a 100 anos as pessoas continuarão a cantá-la. Ademais, como diria no senso comum: “uma música boa não morre nunca”. Nós, os privilegiados contemporâneos de Contatinho, no futuro, olharemos saudosamente para esta época, afinal, momentos indeléveis das nossas vidas foram embalados ao som deste clássico da música universal. Léo Santana foi predestinado pelos céus como intérprete original de Contatinho; Anitta, por sua vez, deveria prestar graças a Apolo por tal dádiva. E para encerrar este singelo artigo, é óbvio que citarei versos sublimes de Contatinho. Cantemos e façamos o L do “Gigante”:

Oi, te liguei?
Deve tá ocupadinha, tudo bem
Tá com outro contatinho
Te liguei?
Deve tá ocupadinha, tudo bem
Tá com outro contatinho
Quem mandou você brincar?

(Tosta Neto, 21/03/2020)

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