No Colégio Nelson Rodrigues, o 3ºE
era considerado a turma mais aplicada. Dentre os estudantes, João se destacava
pelo alto nível de objetividade e reflexões sui
generis acerca dos fatos. Ele era assaz introspectivo, tinha um rol
restrito de amigos e, nos intervalos, costumava ficar na biblioteca “devorando”
os clássicos universais. O tímido garoto era quase inacessível; os colegas o
chamavam de coração de gelo, por sua
vez, algumas meninas, principalmente Luana, sentiam-se atraídas pelo seu jeito
discreto e misterioso.
Luana era uma aluna dedicada. Seus
olhos não escondiam de ninguém o amor
platônico por João. Queixava-se às amigas: “ele não dá bola para mim.” Ela
era uma mulher linda e formosa: corpo esbelto, estatura alta, tez clara,
cabelos longos e pretos, “cheia de charme” e esbanjava sensualidade. Todo esse
repertório não era o suficiente para roubar a atenção do João.
João raramente ria; parecia viver
submerso em pensamentos existenciais. O jovem salientava a sua predileção pelos
filósofos alemães, sobretudo Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger. Luana
tentava usurpar um mísero olhar de João, nas raras vezes que conseguia,
irradiava alegria. Na divisão da turma para a apresentação de seminário, ela
“rezava” para cair na equipe de João. Toda vez que estavam próximos no plano
espacial, Luana ficava nervosa, o coração batia mais forte e não articulava o
raciocínio. Falava para si: “Meu Deus! Preciso tirar este homem da minha
cabeça.”
No final da I Unidade, o 3ºE
organizou uma viagem para um parque aquático. Para surpresa geral, João se
predispôs a participar. Ele mal sabia o tsunami que o esperava...
Prefixo de domingo ensolarado. Céu
sem resquícios de nuvens. 6h00: os estudantes do 3ºE entram no ônibus
estacionado defronte ao Colégio Nelson Rodrigues. Algazarra adolescente.
Caixinhas de som com baterias inesgotáveis “vomitam” músicas de qualidade
duvidosa. Imune ao caos sonoro, João parecia estar em outro mundo. São 9h07. O
ônibus chega no seu destino.
Os jovens estão eufóricos. Deslizes
no tobogã. Mergulhos e mais mergulhos. A típica água de piscina impregnada de
cloro banha os corpos juvenis. Enquanto isso, João se encontra debaixo de um
coqueiro, quiçá submerso em reflexões, mas por pouco tempo. Seus olhos se
arregalaram. O estado absorto se esvaiu. O pensamento entrou em vertigem.
Afinal, o que tinha acontecido? O olhar joanino foi sugado pela aparição de
Luana que trajava um belo biquíni vermelho. Todavia, não foi a peça de banho
que sacudiu o garoto: “Nossa! Que tatuagem sensual e provocante. Um cacho com
três cerejas no pé da barriga.”
João ficou aturdido. Nas
profundezas do inconsciente, ele sente um fetiche por mulheres tatuadas. Quando
João discerniu a tatuagem da graciosa Luana, o fetiche aflorou. A peculiar
introspecção se dissipou. Inquieto, andava para lá e para cá. Em vão, mergulhou
para tentar arrefecer a inquietação. Não conseguia esquecer o cacho de cerejas. Ele estava tão
distraído, que não percebeu a aproximação de Luana:
– Olá João!
– Olá Luana – resposta com voz
vacilante até o rosto ficar ruborizado.
– Estou surpresa com a tua vinda.
– Pois é.
– Você está gostando?
– Sim.
O diálogo prosseguiu por uns
minutos. João sempre respondia de forma monossilábica. Ele se sentia como a
presa acuada pela leoa. Intentava tirar forças do âmago para sair da postura
defensiva. Luana percebeu que João estava visivelmente nervoso: voz embargada
com respostas parcas. Ela nem desconfiava que a sua tatuagem provocou um
maremoto nas profundezas do interior de João.
O sol concluiu o seu ciclo. Os
estudantes arrumavam as coisas. Por capricho do destino, no regresso para casa,
Luana sentou na poltrona ao lado de João. Mais ou menos após 40 minutos de
viagem, ele desviou o olhar cheio de encantamento. A luz lunar iluminou o belo
semblante de Luana. Num determinado instante, os olhares se entrecruzaram. O
coração de João acelerou. Luana comentou consigo: “ele jamais me olhou assim. O
que aconteceu?”.
A insegurança de João no episódio
da piscina dissipou-se, apresentando confiança nos gestos e nas palavras:
– Tu gostaste deste dia?
– Gostei sim João.
– Para mim, foi um dia revelador.
– Como assim?
– Luana, por ora, não posso entrar
em pormenores.
– Tudo bem.
– Tu estavas deslumbrante.
– Obrigada – Luana responde meio
sem graça.
– Tu és uma mulher encantadora.
– Nem tanto. São teus olhos...
Entrementes ao diálogo, o âmago de
João foi dominado por um desejo sexual arrebatador: temperatura corporal alta e
excitação nas nuvens. Apesar dos pesares, ele represou o turbilhão de emoções.
O bate-papo era fluido e espontâneo. Luana estava regozijada; jamais havia
conversado de forma tão intensa com João. Anteriormente, os diálogos se
resumiam a frases curtas sobre o cotidiano escolar:
– Já chegamos na nossa amarga cidade.
– Nem percebi. A conversa foi tão
boa que o tempo passou voando.
– Luana, espero dialogar contigo em
outras oportunidades.
– Meu Bem, eu também espero.
– Tu entrarás no WhatsApp mais tarde?
– Sim.
– Enviarei uma mensagem de boa
noite para ti.
– Ficarei feliz.
– Tchau! Até... – João beijou-a
perto da boca.
50 minutos se passaram...
# Oi. Aqui é o João.
# Oi. Teu número estava salvo aqui.
# Tu já tomaste banho?
# Sim. E você?
# Já. Posso te falar algo?
# Claro.
# Eu não paro de pensar em ti.
(emojis de carinha envergonhada)
# Eu também não. Sinceramente, há
tempos eu venho pensando em você.
# Sério?
# Muito sério!
# Tenho um convite para ti.
# Faça.
# Vamos sair amanhã para conversar?
# É melhor não.
# Por quê?
# Meus pais estão viajando. Estou
sozinha. Se você não se importar, venha aqui em casa. (Ao ler essas mensagens, o corpo de João tremeu de excitação.)
# Irei sim. Será um prazer.
# Será bem melhor. Ficaremos à
vontade. Ninguém irá nos incomodar. (emojis de coração)
# Concordo plenamente contigo. Qual
horário?
# Às 19h30. Está bom para você?
# Perfeito!
# Vou ficando por aqui. Tenha uma
noite maravilhosa. Beijos carinhosos.
# Uma noite maravilhosa para ti
também. Beijinhos doces. (emojis de beijo e coração)
# Até amanhã!
# Até...
Prezado Leitor, não narrarei para
ti como foi o dia de João e Luana. Sejamos objetivos! Sem delongas, avancemos
às 19h30:
– Entre Meu Bem! Entre.
– Tudo bem contigo?
– Estou ótima! E você?
– Tudo maravilhoso – responde João
com segurança e firmeza, porém seu corpo fervia de desejo. Subsequente ao breve
diálogo, o silêncio imperou.
Luana usava um baby doll branco,
circunstância que delineou a lingerie preta que circundava as curvas perfeitas
do seu corpo. O sangue corria velozmente pelas veias de João. Luana se
levantou:
– Vou desligar a televisão do meu
quarto. Não demoro.
– Irei contigo!
– Venha!
Adentrando o espaço do quarto, João
pegou na cintura de Luana e beijou-a suavemente. Depois a empurrou com força
até a parede e disparou um quentíssimo beijo de língua. Luana não se conteve:
– Que homem! Que pegada! Adoro!
– Gostosa! Vou te devorar!
– Devore-me. Faça o que você quiser
Meu Gostoso.
O baby doll desapareceu. João parou
uns segundos e ficou a contemplar o corpo saboroso de Luana:
– Você é muito gostosa!
João ajoelhou-se e beijou
loucamente a tatuagem de Luana. Arrancou o sutiã e esbaldou-se nos seios médios
e apetitosos. Luana gemia de prazer. Ela deitou na cama:
– Venha me beijar todinha Meu
Gostoso!
A língua de João percorreu as
curvas do corpo escultural de Luana. O movimento ficou um tempo expressivo
entre a barriga e as coxas. Luana gritou de excitação. Partes mais íntimas
beijadas conjuntamente. Princípios masculino e feminino unidos. Idas e voltas.
Movimentos leves e bruscos. Delicadeza e força. Alternância nas posições. O
macho e a fêmea numa química perfeita. Gozos suscitam no mesmo instante. Suor
frio desce nos semblantes. Corações a mil. Após uns minutos de êxtase, João
exclama:
– Bendita tatuagem!
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