Prisioneiros
políticos viraram parte da força escrava que movimentou a economia da ex-União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas
Os campos de concentração
stalinistas, conhecidos como Gulags, movimentaram a economia da antiga União
Soviética, principalmente durante a década de 50. Os prisioneiros políticos
eram forçados a trabalhar em péssimas condições, eram torturados e muitos foram
mortos durante esse período.
O ápice desses campos aconteceu
entre 1937-1938, compreendido como o período do Grande Terror. Acredita-se que
mais de 750 mil pessoas foram executadas somente nessa época e milhões foram
enviadas aos Gulags.
A ex-presa do Gulag e professora
aposentada de História, Vera Golubeva, disse em entrevista à BBC que foi
enviada para a Sibéria em 1951 e forçada ao trabalho escravo por seis anos. A
vítima de Stalin foi presa por ter contato uma piada considerada imprópria.
No local, foi obrigada a construir
trilhos de trem com temperaturas que chegam a -56°C. "Todo mundo ficava
exausto, e acabava doente, mas eu era durona, pelo menos psicologicamente.
Muitas pessoas perderam a cabeça. Não conseguiam lidar", disse sobrevivente
à BBC.
Golubeva relembra ainda que o
momento mais difícil foi quando sua alimentação foi reduzida. "A parte
mais difícil para mim era cortar madeira. Eu era uma garota da cidade e não era
muito boa na tarefa. Então minha ração foi diminuída para 300 gramas. É quase
nada", diz ela.
Em Moscou também haviam Gulags,
como afirma o historiador, Dmitry Kotilevich. "A maior parte das pessoas
não sabe nada sobre o canal", disse o especialista se referindo ao canal
de Moscou que foi construído por meio de trabalhos forçados, principalmente de
ex-presos políticos. Após a inauguração, as vítimas foram executadas, ele
explica.
"É muito difícil para muitas
pessoas pensar sobre a vitória na guerra e sobre os Gulags ao mesmo tempo. Eu
frequentemente escuto que, de alguma forma, se viola a memória da vitória
soviética ao falar sobre o que Stalin fez antes dela. Então, os Gulags estão
sendo ignorados", afirmou o pesquisador.
Vera Golubeva disse que este fato
lhe acarretou problemas que a acompanharam por toda sua vida. Quando a
sobrevivente foi capturada estava grávida de seis meses e por decorrência de
todas as torturas, perdeu o bebê. Seu marido e pais também foram enviados para
os campos da morte. Para ela a vida perdeu o sentido a partir dessa época.
"Dizemos que há coisas que
acontecem em espirais. Mas isso foi uma espiral sombria. Era um tempo
amedrontador e infelizmente ainda existem apoiadores daquele sistema",
lamenta Golubeva.
Entre 1929 a 1953, mais de 28,7
milhões pessoas passaram pelos campos da morte e cerca de 3 milhões foram
executadas.
(Fonte: Aventuras
na História / *Edição OutroOlharInfo)
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