Inestimável Leitor, Paulo dispensa
apresentações, mas este que vos escreve fará um breve relato sobre o renomado
apóstolo. Filho de judeus da tribo de Benjamin, Paulo nasceu no ano 10 na
cidade de Tarso da Cicília. Ainda jovem, partira para Jerusalém, tornando-se
fariseu e exímio conhecedor da Lei
Judaica. Antes da conversão ao cristianismo, notabilizou-se como um ferrenho
perseguidor dos cristãos. Paulo foi um estudioso da filosofia, escrevia em
grego e adquiriu o título de cidadão romano. O eminente apóstolo que ganhara
notoriedade com as cartas enveredadas às comunidades cristãs, não conhecera
Jesus pessoalmente e morrera por volta do ano 67.
Este singelo artigo fará uma
reflexão do Amor
tendo como horizonte a Primeira Carta aos
Coríntios. A carta em questão foi escrita em Éfeso, provavelmente no ano
56. Corinto era uma rica cidade comercial: Paulo passara 18 meses lá e fundara
uma comunidade cristã. Ouçamos o evangelista Lucas: “A seguir, Paulo deixou
Atenas e foi para Corinto” (At 18:1); “Assim, Paulo ficou um ano e meio entre
eles, ensinando a Palavra de Deus” (At 18:11). No capítulo 13 da carta
supracitada, Paulo fizera uma das reflexões mais brilhantes sobre o Amor.
Insofismavelmente, quando se busca narrações acerca do sentimento mais sublime
e universal, o texto paulino é referência obrigatória.
Amor, do latim amore, o sentimento que leva o indivíduo a desejar o bem a outra
pessoa ou a uma coisa. Paulo foi deveras feliz na análise do Amor, gerando
empatia e afeto no leitor. Por mais que o indivíduo seja douto e conhecedor de
várias áreas do saber, desprovido de Amor, o seu conhecimento será infértil.
Nas entrelinhas, Paulo delineia que o Amor fortalece as potencialidades, isto
é, quem conhece o Amor, maximiza as suas habilidades, superando aquele que não
o conhece. Simplesmente, o ser humano que não tem Amor é oco, vazio, estéril,
etc. O Amor está acima da ciência e de todos os enigmas. Escutemos o apóstolo
das epístolas: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos
os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de
transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada” (1Cor 13:2).
O Amor é altruísta, encontra-se no
polo oposto a inveja; é um sentimento essencialmente puro, logo, não tem
resquícios de energias negativas. A espiritualidade perpassa pela conexão ao
Amor, por conseguinte, só seremos afetados por sentimentos de magnanimidade e
altruísmo se absorvermos o Amor, cujo Paulo o posiciona como um dos elos entre
Deus e a humanidade. O Amor é prestimoso e inabalável, fonte de toda a
alteridade: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se
ostenta, não se incha de orgulho” (1Cor 13:4). Afetado pelo Amor, o indivíduo
não temerá o mal, pois tudo suporta,
além de não criar expectativas alheias; o Amor o leva à plenitude espiritual,
sem colocar em outrem a causa da felicidade. A relação entre o ser humano e o
Amor é intrínseca, contida no âmago, tendo como consequência a construção duma
vida serena e feliz.
Explicitamente, o Amor é
imprescindível na tradição paulina, galgando até mesmo a fé. Paulo é enfático
ao afirmar que todos os dons dependem do Amor. Ademais, o Amor é universal,
transcende o tempo e o espaço. Tudo passa: a energia vital dissipará, as flores
murcharão, as religiões sucumbirão, as nações não resistirão à força inclemente
do tempo, todavia, o amor jamais passará.
O Amor é ad eternum, porque é oriundo
diretamente de Jesus Cristo, que é o próprio Deus: “Se vocês me conhecem,
conhecerão também o meu Pai. Desde agora vocês o conhecem e já o viram” (Jo
14:7). Por Amor à humanidade, o Filho
Unigênito foi sacrificado para libertá-la das Forças do Mal e conduzi-la às veredas do bem e da salvação.
Encerremos com a esplêndida síntese de São Paulo sobre o maior e melhor de
todos os sentimentos: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a
esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor” (1Cor 13:13).
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