A partir de medições precisas de
anisotropias de radiação cósmica de fundo (CMB, na sigla em inglês) – ou o rumo
para o qual a radiação está se movendo no espaço –, novos dados do satélite
Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), indicam que o universo tem
curvatura positiva. Se essa informação, abordada por uma equipe internacional
de cientistas em artigo na revista “Nature Astronomy”, for confirmada, o atual
(e plano) modelo do universo fica em xeque.
Em um universo plano, duas linhas
paralelas nunca se encontram. Em um universo curvo, porém, essas duas linhas
vão se encontrar. Isso tem desdobramentos importantes na cosmologia, pois
sugere que a teoria inflacionária existente, que descreve a evolução do
universo após o Big Bang, precisa ser revista.
Experiências anteriores, como a
sonda de anisotropia de micro-ondas Wilkinson (WMAP), da Nasa, reforçavam a
teoria plana. Já os arquivos Planck Legacy 2018, significativamente mais
precisos, revelaram que o universo é “quase plano”, mas ainda é 4% mais curvado
do que se pensava.
Segundo os cientistas, a pista para
a curvatura do universo é a maneira como a gravidade curva o caminho da luz, um
efeito previsto por Einstein chamado lente gravitacional. Esse efeito
gravitacional afeta inclusive a radiação cósmica de fundo. A CMB é a radiação
eletromagnética que resta no espaço entre as estrelas e as galáxias, que
remonta a cerca de 380 mil anos após o Big Bang, quando os primeiros átomos
neutros do universo se formaram.
Cenário incompleto
Os dados do satélite Planck,
sobretudo os de 2018, mostram que a CMB está sendo mais fortemente
gravitacional do que deveria. A equipe de cientistas considera que uma
explicação possível para isso poderia ser a forma do universo.
“Um universo fechado pode fornecer
uma explicação física para esse efeito, com os espectros cósmicos de fundo de
micro-ondas do Planck agora preferindo uma curvatura positiva a um nível de
confiança de mais de 99%”, escreveram eles.
“O cenário cosmológico atual,
baseado na inflação, na matéria escura e numa constante cosmológica, parece
incapaz de atender a todas as observações”, disse Eleonora Di Valentino,
pesquisadora do Centro de Astrofísica Jodrell Bank da Universidade de
Manchester (Reino Unido) e principal autora do estudo.
(Fonte: Planeta / *Edição OutroOlharInfo)
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