Osvaldo, 15 anos, estudante do Ensino Médio e morador duma pequeníssima
cidade do interior da Bahia. Filho de família tradicional e conservadora,
Osvaldo tinha uma vida devotada à religiosidade: orações, estudo diário da Bíblia e missas dominicais. O jovem
cristão não apresentava uma vida convencional de adolescente. Os pais sonhavam
com o advento de Osvaldo no seminário.
O metódico estilo de vida não impossibilitou Osvaldo da companhia de
bons amigos, aos quais, desabafava sobre dúvidas e angústias existenciais.
Osvaldo, às vezes, até queria ter uma vida normal de adolescente, porém a
rígida educação familiar tolhia o seu afã. Ao amigo Davi, Osvaldo não guardava
segredos, dialogava sobre quaisquer assuntos. Apesar dos pesares, o garoto
adotou uma postura estoica, logo não se sentia sufocado com o cotidiano que o
cercava...
– Como está a tua reta final de ano letivo?
– Tranquila. Creio que passe direto.
– Eu já estou aprovado.
– Você é fera! – exclama Davi.
– Obrigado!
– Qualquer dia, apareça no baba na Quadra
do Bosque.
– Impossível! Minha mãe não vai deixar.
– Saia escondido.
– De jeito nenhum. Você está doido. Uma surra na certa – Osvaldo
encerra a frase com uma boa risada.
– Tente. Não vai acontecer nada.
– Vou criar coragem.
Mais um ano letivo foi consumado. Osvaldo obteve médias excelentes. Como
nos anos anteriores, ele não iria viajar. Uma vez mais, as férias seriam
inundadas pela previsibilidade da rotina...
– Maria e Osvaldo, vamos receber visita nestas férias. Vossa prima,
Bruninha, passará uns dias aqui conosco.
– Está bem Mãe – responde Maria, irmã de Osvaldo.
– Das nossas primas, ela é a única que ainda não veio aqui – comenta
Osvaldo.
– Irmão, ela é gente boa. Você se lembra que no ano passado passei as
férias com Bruninha lá em Salvador.
– Lembro sim Irmã.
A primavera murcha. O verão floresce. A temperatura elevada tortura os
seres vivos. A natureza é cíclica; precisa-se aceitar os ditames das leis
naturais. Osvaldo não morre de amores pelo verão: o calor dificulta sua
concentração na rotina de estudos. A estação mais quente do ano trouxe Bruninha
para o lar do jovem católico...
– Primo, prazer em conhecê-lo.
– Bruninha, o prazer é todo meu.
– E os teus estudos?
– Tudo bem. Acabei de concluir o 1º Ano.
– Eu estou no 2º semestre de Engenharia.
– Eu nem sei se farei faculdade.
– Por quê?
– Meus pais querem que eu entre no seminário.
– Sério?
– Muito sério!
– Que chato.
– Pois é.
Alta madrugada. Osvaldo desperta. Estava com sede. Envereda-se à
cozinha. No caminho, um fato o surpreendeu: Bruninha. A jovem de 20 anos estava
saindo do banheiro de calcinha. Osvaldo tomou um susto. Não esperava tal cena.
Tentou desviar o olhar. Não quis cair em tentação, porém acabou olhando o corpo
moreno e esbelto da prima...
– Ontem à noite, aconteceu algo surpreendente.
– Foi o quê?
– Davi, não lembro se já te contei. Lá em casa, temos uma visita.
– Quem?
– Bruninha. Uma prima minha de Salvador.
– O que aconteceu mesmo?
– Encontrei Bruninha de calcinha saindo do banheiro.
– Uau!
– Fiquei sem graça.
– Na próxima vez, me chame.
– É sério. Foi uma cena constrangedora.
– Que nada Osvaldo! Se ela estivesse nua seria sim constrangedor.
– Eu não esperava por isso. Nunca vi uma mulher de calcinha.
– E nua? – Davi dispara uma gargalhada.
– Claro que não!
Dia quente. Calor insuportável. Fim de tarde. Nuvens cinzentas no
horizonte. Aves inquietas cortam o dossel. Presságio de trovoada. A lua cheia e
as estrelas não apareceram. Uma chuva torrencial despenca na pequeníssima
cidade do interior da Bahia. Falta de energia elétrica. Breu absoluto. Na casa
do jovem cristão, todos já estão dormindo. A chuva ameniza. A porta do quarto
de Osvaldo é aberta e, em seguida, é trancada por dentro. O garoto ainda dorme.
A luz lunar adentra o espaço. Um vulto senta na cama. Osvaldo desperta e
distingue um corpo. Um gesto de silêncio é disparado no indefeso garoto. Eis
Bruninha totalmente despida. Osvaldo fica pasmo...
– Davi, Davi, Osvaldo está te chamando. Ele parece estar apressado.
– Já estou indo Mãe.
Breves segundos se arrastam para Osvaldo...
– Davi, preciso muito conversar contigo.
– Fique à vontade.
– Não poderá ser aqui.
– Então, iremos para um lugar discreto.
– Com certeza. Alguma sugestão?
– Bar do Osmar.
– Ótimo!
Céu estrelado. Noite típica de verão...
– Estou perplexo.
– Pois é Meu Caro. Ela invadiu o meu quarto e me possuiu completamente.
Não tive reação. Fui dominado por uma força arrebatadora – comenta Osvaldo.
– Você gostou?
– Gostei muito. Uma sensação indescritível. Simplesmente, surreal.
– E agora Osvaldo?
– Não sei. Só sei que estou apaixonado por ela. Bruninha foi a primeira
mulher de minha vida.
– Você está falando a verdade?
– Claro! Bruninha me apresentou aos prazeres da carne. Bruninha me
desvirginou. Só penso em Bruninha.
– Meu Amigo, eu te entendo perfeitamente.
– Não penso mais no seminário. Só quero Bruninha. Só quero sentir aquela
mulher quente me possuindo de corpo e alma.
– Boa sorte!
– Obrigado Amigo! Depois disso tudo, só tenho algo a dizer sobre
Bruninha: a minha prima predileta.
0 comments: