Há tempos, o São João de Amargosa
se consolidou como um dos principais eventos do calendário junino da Bahia. Ao
longo do ano, a amarga cidade fica distante dos holofotes, porém, em míseros 4 ou 5
dias, sua existência é evidenciada. Quando se fala de Amargosa em outras
cidades, a resposta mais corriqueira que se ouve é essa: “o São João de lá é
famoso”. Pois é, suscita-se a sensação que a única coisa que Amargosa tem para
mostrar é o bendito São João.
Apesar de ser um evento coadunado à
Indústria Cultural, o São João pode
ser considerado um patrimônio imaterial de Amargosa. Todavia, não podemos
afirmar que nossa amarga cidade tem um caso de amor com o forró; eis os fatos:
ausência de concurso de sanfoneiros e parca composição de músicas. Ademais, é
um retumbante exagero achar que Amargosa tem o melhor São João do Brasil.
Talvez nem seja o melhor da Bahia. Antes, era preciso efetuar uma reflexão
sobre o conceito de “melhor”.
Neste ano, o São João apresentou
uma organização de excelência: estrutura de segurança que concedeu
tranquilidade aos visitantes, distribuição estratégica das barracas de comidas
e bebidas, por fim, a “cereja do bolo”, a “Joia da Coroa”, o imponente palco
com projeção de imagens, efeito estético que antes mesmo do princípio dos
festejos joaninos, virou febre nas redes sociais. Destaca-se também, a
transmissão pela TVE, canal estatal de televisão. É válido enfatizar que,
independentemente do grupo político que esteja no poder, é oportuno o registro
da TVE, porque é inconteste a força do São João de Amargosa, que ano após ano,
é um dos roteiros turísticos mais procurados do estado da Bahia.
Por ora, façamos uma análise sobre
a grade de atrações do palco principal. Foi perceptível um número maior de
artistas ligados ao forró, como Targino Gondim, Estakazero, Del Feliz, Dorgival
Dantas e Chambinho. Normalmente, as cidades que organizam grandes espetáculos
juninos, guarnecem a presença de “artistas” do famosíssimo sertanejo universitário, que de universitário não tem nada. É uma
tortura ficar a noite toda a ouvir o tal do sertanejo
universitário. Aproveitando o ensejo, agradeço (percepção particular do
autor que vos escreve) à organização do São João por não ter contratado o chato
do Danniel Vieira. Por conseguinte, o São João é tradição, é o momento do
forró, baião, xote e xaxado. Mas, a Indústria
Cultural quer transformar a principal festa da região Nordeste em uma
micareta, inflando-a com “artistas” que primam por um repertório de sertanejo
universitário, arrocha, funk e pagode. São João é tradição! São João é Luiz
Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro...
Indubitavelmente, fora do período
junino, o forró em Amargosa cai no ostracismo, aflorando somente no São João,
fenômeno que acontece também em outras cidades. Mesmo seguindo a linha da Indústria Cultural, o São João
amargosense tem muitos aspectos positivos, entre os quais, o aumento exacerbado
do fluxo comercial, geração de vagas temporárias de emprego, espaço para
apresentação de artistas locais e a elevação da demanda no setor de
restaurantes e hotelaria. Enfim, todos os anos, o São João de Amargosa é um
evento bem-sucedido, configurando-se como um patrimônio do povo da nossa amarga
e querida cidade.
Tosta Neto, 26/06/2019
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