Para garantir a aprovação da
reforma da Previdência, o ministro da economia, Paulo Guedes, terá que adiar
outras batalhas da sua agenda liberal, segundo dois integrantes da equipe
econômica que falaram sob a condição de anonimato porque a discussão não é pública.
Viabilizar a reforma e melhorar a
trajetória de endividamento do país exigirão de Guedes destreza para não
desagradar bancadas importantes no Congresso, como a ruralista e a da
indústria.
A orientação do gabinete
ministerial é, por enquanto, adotar medidas que facilitem o ambiente de
negócios no Brasil, mas sem custo fiscal ou político, disse um secretário do
ministério da Economia.
Ou seja, a intenção é evitar
embates com congressistas com potencial de causar danos à reforma da
Previdência, considerada pelo governo o primeiro grande teste de força política
e divisor de águas do sucesso ou fracasso da pauta econômica.
Um dos embates a serem evitados são
os cortes no Sistema S, que Guedes anunciou que faria, segundo um integrante da
equipe econômica. Durante a campanha, Guedes também havia prometido rever todos
os subsídios, incluindo agricultura e indústria.
Tendo em vista que o governo
pretende aprovar a reforma no primeiro semestre, o restante da pauta liberal
deverá ficar para ao menos depois da votação da PEC. A ideia é não fazer
barulho, disseram as fontes.
Abertura comercial
Há quem defenda no governo uma
abertura comercial só depois que for radicalmente mudado o sistema tributário do
país:
“Para fazer abertura comercial,
temos que fazer antes a reforma tributária. Se não reorganizarmos a questão dos
tributos, principalmente a nossa indústria não suporta um choque de
competitividade”, afirmou o vice-presidente General Hamilton Mourão.
A gestão de Jair Bolsonaro teve,
recentemente, um exemplo de que é preciso coordenação com o Congresso para não
desagradar bancadas importantes e com votos essenciais para a reforma da
Previdência.
O primeiro caso em que o governo
precisou voltar atrás por pressão de ruralistas aconteceu na semana passada,
quando a equipe de Guedes acabou com a tarifa antidumping do leite em pó de
origem europeia sem aviso prévio. Após protestos, o governo decidiu voltar a
colocar uma tarifa de importação.
Depois do episódio, Guedes se
reuniu com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e com o deputado Alceu
Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, para
acalmar os ânimos.
“Foi um episódio didático,
entendemos que não houve má-fé. O governo poderia ter percebido antes que a
tarifa expiraria, mas não estava no radar porque é um governo novo, que ainda
está chegando”, disse o deputado.
Moreira avalia que esta questão foi
localizada e, por ora, não tem impacto no apoio do setor ao governo.
(Fonte: Exame.com / * Edição Outro Olhar Amargosa)
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