Em 12 de novembro, meu coração
ficou em pranto com a morte de Stan Lee. Prezado Leitor, tentarei ser objetivo
e pragmático na tessitura deste artigo, tarefa hercúlea, pois não sou o Tony
Stark. A repercussão nas redes sociais foi imensa diante da partida do
“velhinho que aparece nos filmes da Marvel”. Nascido em 1922 na cidade de Nova
Iorque, Stanley Martin Lieber tinha o sonho de ser literato. Quando começou a
trabalhar como assistente na editora Timely
Comics (primeiro nome da Marvel), adotara o pseudônimo Stan Lee, porque não
queria ser associado ao mundo das HQs. Ele nem imaginava que se transformaria
literalmente na “cara da Marvel”. É inconteste que a trajetória da Marvel Comics não pode ser narrada sem
Stan Lee e vice-versa, histórias que se confundem, faces da mesma moeda.
Não podemos ser simplórios e
interpretar que o universo dos quadrinhos é “coisa de criança”. Stan Lee
ratificou um conceito que guarneceu a humanidade nos heróis, isto é, as
fraquezas humanas passaram a ter maior peso. Quando nos deparamos com o termo super-herói, às vezes, intuímos que o
mesmo é absoluto, além do bem e do mal, um ser imune às dores que afligem o ser
humano no itinerário existencial. Herói sofre sim! Os heróis são arquétipos dos
humanos, trazendo consigo virtudes e defeitos. Assim como Sócrates na Filosofia
Antiga, Stan Lee dividira a história dos quadrinhos. No processo de elaboração
do personagem, o autor é obviamente afetado pela subjetividade. Eis um exemplo:
Peter Parker tem aspectos da biografia de Stan; quem conhece a história do Homem-Aranha, sabe o quão Peter sofre na
escola com a perseguição dos colegas, algo que Stan se deparou também. Não é à
toa que Stan Lee tinha um carinho especial pelo Homem-Aranha. Quiçá Peter Parker seja o alter ego de Stan Lee.
O grande passo no processo de
humanização dos heróis foi a publicação de Quarteto
Fantástico em 1961, autoria de Stan Lee e Jack Kirby. Reed Richards (Senhor Fantástico) e Susan Storm (Mulher Invisível) têm diversos problemas
que acometem a vida de qualquer casal. O Coisa
detesta a sua aparência; quantas pessoas estão obcecadas pela busca da
aparência perfeita? Johnny Storm (Tocha
Humana) não tem apreço pela carreira de super-herói, pois está mais
preocupado em ter uma vida de playboy.
O próprio Peter Parker, submerso em dívidas, problema que aflige o lar de
inúmeras famílias pobres. E os X-Men?
Não são aceitos pela humanidade por serem diferentes. E o Wolverine? O Icônico Logan! Meu herói preferido ao lado do Homem de Ferro, cheio de defeitos:
fumante, individualista, expert em palavrões e nada diplomático. E o Tony Stark?
A personificação do indivíduo orgulhoso e vaidoso. Até o Thor, Filho de Odin,
Deus do Trovão, herdeiro do trono de Asgard, teve seu coração fisgado pela mera
mortal Jenny Foster.
Saindo das páginas das
revistas em quadrinhos e indo às telas do cinema, presenciamos neste ano a
explosão do Universo Cinematográfico da Marvel, com o lançamento de Guerra Infinita, obra-prima que chocou
os fãs após o nefasto estalo de dedos de Thanos.
O filme foi lançado em abril e, presentemente, a maioria dos vídeos de canais
nerds são sobre Guerra Infinita. É
notório que a grande mente por trás das interconexões da Marvel Studios é o produtor cinematográfico Kevin Feige, porém como
já salientou em entrevistas, ele não teria tanto êxito sem os valiosíssimos
conselhos de Stan Lee. Os fãs estão mui ansiosos pelo lançamento dos filmes Capitã Marvel e Guerra Infinita: Aniquilação (título ainda não confirmado),
respectivamente em março e maio de 2019.
Felizmente, para
alegria geral, a Marvel Studios
confirmou que as aparições de Stan Lee nos filmes supracitados já foram
gravadas. A derradeira aparição será justamente na obra que encerrará a chamada
Fase 4 do Universo Cinematográfico da
Marvel. Prezado Leitor, com toda sinceridade, sinto-me um pouco órfão sem o
Mestre Stan Lee. Ele nos deixou para sempre. O corpo físico foi vencido pelas
leis destrutivas da natureza, mas o espírito genial e criativo de Stan estará
presente eternamente nos personagens e na nossa memória. O legado de Stan Lee
está grafado em letras indeléveis nos nossos corações. Obrigado por tudo Mestre
Stan Lee!
Tosta Neto, 21/11/2018
0 comments: