Advogado
de Adélio Bispo de Oliveira revela ter recebido parte do pagamento em dinheiro
vivo. Inquérito apura suspeita de participação do PCC no atentado
Oito semanas após a facada que
mudou as eleições, permanece o mistério: quem financia os advogados
de Adélio Bispo de Oliveira, agressor confesso de Jair
Bolsonaro (PSL)? Em nova entrevista à Gazeta do Povo, o advogado Zanone Manuel de Oliveira Junior reafirma
que o pagador é alguém que conheceu Adélio em uma igreja evangélica. Mas agora
a pessoa deixou de manter contato.
Zanone Junior conta que recebeu
parte do pagamento em dinheiro, no próprio escritório do advogado, através de
um emissário enviado pelo fiador da defesa de Adélio. “Fez o pagamento, ficou
devendo a outra parte e não voltou mais”, afirma.
Perguntado se poderia deixar o caso
pela falta de pagamento, o advogado diz que ainda não tem uma decisão e que,
‘por experiência própria’, o caso deve levar de seis a sete anos até chegar ao
Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele explica que a defesa fez uma
série de ações que demandam custos, como o envio de um psiquiatra forense
para avaliar a sanidade do investigado, visitas à Penitenciária Federal de
Campo Grande, entre outras custas processuais realizadas em parceria com pelo
menos cinco escritórios que atuam na defesa, em Minas Gerais e no Rio Grande do
Sul.
O advogado afirma que o “sumiço
repentino” não o surpreende: “Se for pensar, essa pessoa está certinho (sic).
Imagina se alguém descobre quem é. Corre mais risco que o Adélio [que está em
prisão federal]”. O advogado não revela a quantia paga e lembra que
recebeu ofertas de ajuda para custear a defesa, que variam entre R$ 500 e
R$ 5 mil. Ele não aceitou as doações, mas ainda não descarta a hipótese para
seguir no caso: “Só não sei como isso ficaria após as eleições, se as pessoas
ainda estariam dispostas”.
Suspeitas sobre o PCC
O segundo inquérito aberto pela
Polícia Federal no atentado a Bolsonaro, que prometeu uma “devassa na vida de
Adélio”, foi prorrogado na última terça-feira (23) e o prazo está sendo
estabelecido pela PF e Ministério Público Federal. O primeiro inquérito
concluiu que o agressor agiu sozinho por motivação política.
No pedido de prorrogação, no dia 18
de outubro, o delegado responsável pelo caso em Juiz de Fora, Rodrigo Morais
Fernandes, destacou que busca “deslindar as notícias nos autos quanto ao
envolvimento de Facções Criminosas, a exemplo do Primeiro Comando da Capital –
PCC”.
De acordo com reportagem da revista Crusoé, a PF investiga a possibilidade
de ligação de advogados de Adélio com o PCC. A publicação cita o caso de
Fernando Magalhães, que defende dois “faccionados” do PCC que cumprem pena em
Contagem (MG). À revista, Magalhães disse que não advoga para o PCC, mas para
“algumas pessoas que seriam relacionadas a esse grupo criminoso”.
“Agora estão atuando em várias
frentes. Vendo se recebemos do PCC, do Papai Noel, do Psol, do PT”, ironiza
Zanone à Gazeta do Povo. Ele
descarta o envolvimento do cliente com a facção criminosa. “Na verdade eles
viram que não existe teoria da conspiração. O Adélio agiu sozinho”, garante.
Ele conta que chegou-se a suspeitar que US$ 1,5 milhão apreendidos pela Receita
Federal com o filho do ditador da Guiné Equatorial e vice-presidente do
país, Teodoro Obiang Mangue, teria relação com o financiamento da defesa.
Ao longo desta semana, por duas
vezes, a campanha de Bolsonaro pediu à PF aumento no número de agentes que
fazem a segurança do presidenciável. Há temor sobre a possibilidade de um novo
atentado.
“Conseguimos o queríamos”
Zanone Junior afirma que até o
momento “tudo o que quis, a defesa conseguiu”. O primeiro objetivo era prender
o Adélio, evitando habeas corpus que colocasse o cliente em risco, assim
como transferir o caso do sistema estadual para federal. “Não podemos
deixar a competência na justiça estadual. A Polícia Civil tentou montar
inquérito”, diz o advogado, que conta que um promotor local foi impedido por um
juiz de levar o caso a Juri. "
"Em segundo lugar, ele destaca
que a defesa buscou que Adélio fosse indiciado pela Lei de Segurança
Nacional. Também foi pedido exame de sanidade mental: a versão da defesa foi
realizada e agora há a expectativa da realização de uma avaliação da
Justiça. "
(Fonte: Gazeta do Povo)
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