Entre as heroínas estão Maria
Felipa, Joana Angélica e Maria Quitéria.
Mulheres lutaram e usaram táticas criativas
para ajudar tropa brasileira.
As
batalhas pela independência do Brasil na Bahia duraram um ano e sete dias,
entre 25 de junho de 1822 e 2 de julho de 1823. As mulheres desempenharam um
papel importantíssimo no processo, e muitas se destacaram nas batalhas e na
ajuda aos soldados.
Entre
elas está Maria Felipa. Segundo Eduardo Borges, historiador e professor da
Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Maria Felipa não é muito conhecida, mas
possui muita importância na luta pela independência.
"Maria
Felipa era uma negra que liderou uma série de mulheres que seduziram os
portugueses, fizeram com que eles ficassem embriagados e depois deram uma surra
de cansanção [vegetal que provoca urtiga e sensação de queimadura ao toque com
a pele] neles. Depois ela queimou as embarcações deles. Foi uma pequena batalha
pontual no dia 7 de janeiro de 1823, na Ilha de Itaparica, mas que resultou em
uma queda no número de soldados da tropa portuguesa", relatou Borges.
O
historiador ainda conta que em outubro de 1822, um grupo liderado por Maria
Felipa, formado por homens e mulheres, queimou embarcações dos portugueses,
também na região de Itaparica.
Em
outra região da Bahia, foram as esposas de fugitivos das tropas portuguesas que
usaram a criatividade para ajudar a salvar seus maridos. As moradoras de
Saubara, região que na época pertencia à Santo Amaro da Purificação, se
fantasiavam para assustar os soldados e assim poder levar comida para os
maridos, nos esconderijos onde se alojaram.
"Os
portugueses invadiram a região. Os homens tiveram que fugir, então à noite elas
se vestiam de 'careta', se fantasiavam de almas, com lençóis, e assustavam os
portugueses que fugiam. Assim, elas conseguiam chegar nos esconderijos onde
estavam os maridos e levavam medicamentos, comida e roupas. Elas ficaram
conhecidas como caretas do mingau. No caso delas, o papel foi burlar a vigilância
portuguesa", conta o historiador. "O que é interessante é a esperteza
e estratégia para assustar os portugueses. Pelo fato delas terem conseguido
chegar aos maridos, isso ajudou a eles sobreviverem", acrescentou Borges.
Outras
duas mulheres que se destacaram na luta da independência foram Joana Angélica e
Maria Quitéria, que acabaram ficando bastante conhecidas.
A
freira Joana Angélica se destacou pela coragem ao enfrentar os portugueses. Ela
foi morta ao tentar evitar a entrada deles no Convento da Lapa. Os soldados
portugueses estavam em busca dos rebelados, que teriam se escondido no local.
"Já
Maria Quitéria se passou por homem para participar da luta da independência.
Ela vestiu a roupa do cunhado e apresentou-se ao Regimento de Artilharia com a
ajuda da irmã. Maria Quitéria fugiu de casa e foi para o campo de batalha em
uma época em que a mulher não tinha autonomia em qualquer campo de atuação",
diz o historiador.
Dois de Julho
A
história da Independência do Brasil na Bahia começou a ganhar força no início
de 1822, com o desejo da Bahia de romper com a coroa, quando o rei de Portugal,
D. João VI, tirou o brasileiro Manoel Guimarães do comando de Salvador,
colocando em seu lugar o general português Madeira de Melo no cargo. Com isso,
ele queria reforçar o poder da Coroa sobre os baianos, mas a população não
aceitou pacificamente.
Os
baianos foram às ruas para protestar e entraram em confronto com os soldados
portugueses. Meses depois, em 12 de junho, a Câmara de Salvador tenta romper
com a coroa portuguesa. O general Madeira de Melo coloca as tropas nas ruas e
impede a sessão. Dois dias depois, em Santo Amaro, os vereadores declaram D.
Pedro o defensor perpétuo do Brasil independente, o que significa não obedecer
mais ao rei de Portugal.
No
dia 25 de junho é a vez da Vila de Cachoeira romper com a Coroa portuguesa.
Outras vilas seguem o exemplo. Cachoeira se torna quartel general das tropas
libertadoras.
Canhões
de fortes da Baía de Todos-os-Santos foram roubados para armar a improvisada
frota de saveiros, que enfrentaram a esquadra de Portugal. Cercados por terra e
mar, os portugueses ficam acuados em Salvador. Decidem então abandonar a cidade
e fogem por mar, na madrugada do dia 2 de julho de 1823. Pela manhã, o exército
brasileiro entra vitorioso na cidade, marcando a independência do Brasil na
Bahia.
(Fonte: G1)
0 comments: