O
governo do presidente americano Donald Trump anunciou nesta sexta-feira (15)
que vai impor tarifas de 25% sobre um montante de US$ 50 bilhões de produtos
chineses, acusando Pequim de "roubo de propriedade intelectual".
As
sobretaxas, que devem entrar em vigor em 6 de julho, vão afetar inicialmente
mais de 800 produtos. Um segundo lote de quase 300 produtos virá em seguida, e
os EUA prometeram aumentar essa lista caso a China retalie.
Mas
Pequim já afirmou que vai responder à altura, o que deve confirmar os temores
de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Trump
afirmou que as tarifas são "essenciais para prevenir a continuidade de
transferências injustas de tecnologia americana e propriedade intelectual para
a China, o que vai proteger empregos americanos".
A
China afirmou que "não quer uma guerra comercial, mas o lado chinês não
tem escolha senão fazer forte oposição a isso, diante do comportamento míope
americano que vai prejudicar ambos os lados". Pequim afirmou que vai impor
suas próprias tarifas, de amplitude equivalente, que podem afetar produtos
agrícolas e bens manufaturados, segundo o New
York Times.
O que vai ser afetado - e por quê?
Entre
os produtos afetados, há desde pneus de aviões, maquinários para a indústria e
escavadeiras até carros, helicópteros e lavadoras de louça.
Os
EUA afirmam querer interromper supostas práticas de transferência de
propriedade intelectual de produtos americanos para empresas chinesas, como
exigências de que empresas estrangeiras compartilhem seus direitos autorais com
parceiros locais se quiserem ter acesso ao mercado chinês.
O
embaixador Robert Lighthizer, chefe de comércio exterior no governo dos EUA,
afirmou que Trump "corretamente reconhece que, se quisermos que nosso país
tenha um futuro próspero, temos que agir agora para manter o comércio justo e
proteger a competitividade".
Já
o porta-voz da Chancelaria chinesa afirmou que "se os EUA tomam medidas
unilaterais e protecionistas que ferem os interesses chineses, vamos responder
imediatamente com as decisões necessárias para proteger nossos interesses e
direitos legítimos".
'Proteger empregos'
A
medida americana remete a uma das promessas mais repetidas por Trump na
campanha eleitoral de 2016: agir para proteger empregos americanos na indústria
manufatureira, argumentando que "acordos comerciais desastrosos"
prejudicavam os EUA e que o livre-comércio é um "erro colossal".
No
início deste mês, Trump já havia tomado medidas semelhantes contra o México, o
Canadá e a União Europeia, impondo sobretaxas sobre a importação de aço e
alumínio para, segundo ele, proteger empregos americanos no setor metalúrgico.
Mas
a perspectiva de uma guerra comercial com a China gera temores até mesmo dentro
dos EUA, uma vez que muitas empresas e investidores dependem do acesso ao
mercado chinês, e outras usam peças produzidas no país asiático na composição
de seus produtos. Há, por fim, o risco de que as tarifas elevem o preço, nas
gôndolas americanas, de produtos importados chineses ou de composição
parcialmente chinesa.
A
Casa Branca, por sua vez, negou que as medidas vão atingir os consumidores,
apontando que itens como televisores foram retirados da lista de produtos que
serão sobretaxados.
Reações políticas
Curiosamente,
a reação política às tarifas ultrapassou linhas partidárias: alguns democratas
elogiaram as medidas de Trump, enquanto republicanos - tradicionalmente
defensores de políticas de livre-comércio - foram mais reticentes.
O
senador Chuck Schumer, um dos líderes do Partido Democrata, afirmou que as
sobretaxas são "corretas". "A China é nosso real inimigo
comercial. Seu roubo de propriedade intelectual e barreiras que impedem nossas
empresas de competir de modo justo ameaçam milhões de futuros empregos nos
EUA", afirmou via Twitter.
O
republicano Kevin Brady afirmou que ter "preocupação de que as novas
tarifas acabem prejudicando, na verdade, fábricas, fazendeiros e trabalhadores
americanos".
E
a Câmara Americana de Comércio afirmou que as medidas de Trump "não são a
abordagem correta".
(Fonte:
BBC Brasil)
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