Nos
derradeiros dias, o Brasil ficou literalmente parado com o movimento
reivindicatório e legítimo dos caminhoneiros. Sabe-se que a política de preços
da Petrobras foi alterada, cujo preço do litro de combustível é calculado
conforme as cotações do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional;
os preços seguem uma perspectiva mais volátil e flexível. Com a disparada do
dólar e a valorização do petróleo, os preços atingiram níveis altíssimos. Por
conseguinte, a Petrobras é uma empresa estatal de capital aberto, portanto precisa
estar coadunada às leis que regem o mercado.
A
gestão amadora e deplorável de Sérgio Gabrielli e Graça Foster adotou um modelo
intervencionista na Petrobras, deixando o preço do combustível abaixo do valor
de mercado, status que trouxe prejuízos bilionários, além de ter exercido influência
artificial na inflação. Não esqueçamos da quadrilha liderada pelo PT, PMDB, PP
e apaniguados que usurpara 46 bilhões de reais dos cofres da Petrobras. Só para
efeito de curiosidade: o valor roubado citado acima daria para comprar Neymar
46 vezes. O “Petrolão” é considerado o maior escândalo de corrupção da história
da humanidade. “Nunca na história deste país [...]” se roubou tanto numa
empresa estatal. Ainda bem que a Operação
Lava-Lato defenestrou esta quadrilha da Petrobras. Enfim, a crise em pauta
também tem reflexos do roubo estratosférico efetuado na nossa ex-maior empresa.
A
sequência ininterrupta de alta dos preços gerou um descontentamento na
população, sobretudo entre os caminhoneiros. Ademais, impostos mui altos estão
inseridos no preço do combustível; praticamente, metade do preço do litro da
gasolina corresponde à fatia tributária. O que adianta ter uma empresa estatal
que monopoliza a produção e pagar tão caro pelo combustível. A insatisfação
generalizada desembocou na paralisação dos caminhoneiros, movimento que surgiu
de forma espontânea sem a interferência nociva de partidos e sindicatos. É
louvável o apoio do povo à causa justíssima dos caminhoneiros, apesar do caos
gerado pelo desabastecimento.
Neste
momento de crise, partidos oportunistas e políticos cínicos querem colher
dividendos eleitorais. É válido salientar a inércia e a incompetência do
governo Temer para resolver tamanho imbróglio. Precisa-se encontrar uma saída
fiscal para que o povo e os caminhoneiros não fiquem ainda mais sufocados com
esse tresloucado fardo tributário. Os ilustres e sensíveis governantes poderiam
fazer cortes de gastos públicos desnecessários: auxílio-paletó,
auxílio-moradia, verbas vultosas de gabinete, nutricionista particular para
primeira-dama, inúmeros motoristas e seguranças, etc.
O
movimento em questão trouxe à tona as árduas condições de trabalho dos
caminhoneiros, que atravessam esse país continental para dinamizar toda a
logística. Os guerreiros das estradas enfrentam diuturnamente uma série de
riscos, como vias degradadas e assaltos a cargas, que nos últimos anos estão se
tornando mais assíduas. O caminhoneiro é submetido a uma hercúlea jornada de
trabalho, além de labutar com a pressão sufocante da entrega da carga no prazo
estabelecido, circunstâncias que levam alguns caminhoneiros à adoção de medidas
que “cortam o sono”, haja vista o uso do famoso arrebite. O Ministério do
Trabalho e o Poder Legislativo devem apresentar uma intervenção mais incisiva
em prol da qualificação de trabalho para classe dos caminhoneiros.
A
paralisação dos caminhoneiros só atestou o quão o Brasil depende das rodovias.
As autoridades competentes poderiam adotar estratégias para diluir tal
dependência. Depender de algo de forma exacerbada é um retrocesso. Como diria
Voltaire: “a dependência é a raiz de todos os males.” O nosso país precisa
investir em infraestrutura e diversificar o aparato logístico. Um caminho
exequível é o investimento na construção de ferrovias, fator que desafogaria as
rodovias e influenciaria na qualidade da viagem. Lá nos idos dos anos 50 e 60,
os governantes erraram ao apostar todas as fichas nas rodovias e relegar as
ferrovias. Precisaríamos de um, dois, três Barões de Mauá. Estamos numa
encruzilhada. Sem querer ser estoico ou cético, não é possível discernir no
horizonte uma solução que nos tire desta incógnita.
Tosta Neto, 05/06/2018
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