Desde o final da semana passada, o setor produtivo brasileiro vive uma expectativa frustrada diariamente: a de que a greve dos caminhoneiros chegue ao fim. Mas, mesmo que a mobilização se encerre imediatamente e que os caminhões que bloqueiam estradas ao redor do país voltem à rotina de trabalho, o consumidor terá que preparar o bolso para mais aumentos nas próximas semanas.
Pelo menos é o que acreditam os especialistas ouvidos pelo CORREIO. Isso porque os estoques de produtos, principalmente de alimentos perecíveis, ainda vão demorar para ser regularizados. A economia baiana, que apresentou pouco crescimento nos últimos meses, e os setores de comércio e de serviços devem retrair ainda mais.
A greve deve afetar o desempenho da economia no segundo trimestre e, consequentemente, no ano. “A paralisação certamente vai prejudicar ainda mais a economia. Se nos últimos índices divulgados já houve uma queda geral tanto nos serviços quanto no comércio, imaginem após essa greve, em que todos os setores foram afetados”, pontua o coordenador de disseminação de informações do IBGE na Bahia, André Urpia.
Segundo ele, não dá para prever de quanto será o impacto nos serviços e no Produto Interno Bruto (PIB) do estado, já que cada cadeia produtiva tem um ciclo de vida. Mas, para se ter uma ideia, o volume de serviços de janeiro a março desse ano teve queda de 6,2% na Bahia em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o comércio baiano apresentou retração de 0,6% nos três primeiros meses em 2018 em relação ao mesmo período de 2017.
Avaliações preliminares do governo também colocam em xeque o aumento do PIB brasileiro. O desempenho, que poderia acelerar e ficar próximo de 1% de alta entre abril e junho, é incerto. Consequentemente, o cenário de 2,5% de alta para o ano, anunciado pelo governo antes da mobilização, tem menos chances de se materializar.
A projeção para o PIB recuou de 2,50% para 2,37% neste ano, de acordo com o relatório Focus, divulgado ontem de manhã. “O PIB é a produção de riquezas de um local. Se não há produção, movimentação e consumo, não há produção de riquezas. Com o tempo, as coisas devem voltar e engrenar normalmente e, só assim, que cada área poderá se recuperar aos poucos”, explica Urpia.
Fonte: Correio
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