Uma equipe de
cientistas japoneses embarcou recentemente em um projeto tão fascinante quanto
complexo: a busca pelo elemento 119 da tabela periódica.
Em 2016, a tabela
criada pelo químico russo Dimitri Mendeléiev em 1869 ganhou quatro novos
elementos: o 113 (nihônio), o 115 (moscóvio), o 117 (tennessino) e o 118
(oganessono).
Agora, o físico Hideto
Enyo e sua equipe querem inaugurar a oitava fileira da tabela com um metal
chamado - até agora - de ununênio (um, um e nove, em latim), que ninguém, até o
momento, conseguiu sintetizar.
Os elementos da tabela
periódica são organizados pelo número de prótons no núcleo do átomo de cada um,
pela distribuição de seus elétrons e pela recorrência de suas propriedades
periódicas.
Plano
Os elementos mais
leves, como o hélio (2) e o lítio (3), se formaram imediatamente após o Big
Bang. O restante, a partir de uma fusão nuclear no coração das estrelas.
Os elementos que têm um
número de prótons superior a 26 têm uma origem mais duvidosa. E os que são mais
pesados que o plutônio (94) não existem naturalmente na Terra. Eles precisam
ser sintetizados em laboratório.
Isso ocorre porque, com
mais de 94 prótons, o núcleo do elemento se torna instável.
O plano dos cientistas
japoneses é disparar feixes do metal vanádio, de 23 prótons, contra um alvo de
cúrio (96), um elemento criado artificialmente.
O experimento deve
acontecer em um acelerador de partículas perto de Tóquio.
A fusão de ambos,
criada a partir deste evento superexplosivo semelhante a um cataclima cósmico,
daria como resultado o novo elemento superpesado.
Dificuldades
à vista
Até aqui parece fácil:
23 + 96 = 119. Mas a conta está longe de ser simples.
As explosões
necessárias para criar esse elemento são raras, e a colisão precisa acontecer
com a quantidade de energia exata necessária para que a experiência funcione.
Se não houver energia
suficiente, os núcleos de ambos os elementos ricocheteiam, e a fusão não
ocorre.
Mas se a explosão for
forte demais, o novo átomo se desintegrará.
Por outro lado, há
outras combinações de elementos possíveis para criar o ununênio, mas ainda não
se sabe exatamente qual é a melhor.
Outra equipe de
cientistas já tentou, sem sucesso, disparar um feixe de titânio (22) contra um
alvo de berquélio (97). A soma de seus números de prótons também é 119, mas a
experiência não funcionou.
Além disso, tais
operações são caríssimas e, mesmo que tenham sucesso, conseguem criar um
elemento que se mantém coeso por apenas milésimos de segundos.
O estudo japonês ainda
está em fase inicial, e ainda pode levar anos para obter resultados.
(Fonte: BBC Brasil)
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