A descoberta de que o
faraó Tutancâmon tinha uma faca vinda diretamente do espaço, no meio do ano
passado, pegou a comunidade científica de surpresa. E olha que nem tinha a ver
com aliens mercadores fazendo uma visitinha ao Egito Antigo, longe disso.
Antes de a espécie
humana dominar a mineração e conseguir extrair ferro da hematita, forma bruta
em que o metal é encontrado na natureza, os corpos celestes pareciam a grande
fonte desse mineral “exótico”. Para fazer a peixeira personalizada do chefinho,
por exemplo, os aprendizes de ferreiro egípcios usaram um pedregulho caído do
céu — o Kharga, meteorito que aterrissou na costa egípcia do Mediterrâneo, a
250 quilômetros de Alexandria, e foi identificado nos anos 2000.
Escolher pelos metais
alienígenas não tinha a ver com escolha estética, mas sim, com facilidade de
produção. Optando pelo material espacial, os egípcios conseguiam driblar a
falta de domínio em processos como a fundição — já que o minério vinha quase
pronto para uso, ao invés de repousar em pedras de camadas inferiores do solo.
O que uma nova pesquisa
indica, no entanto, é que a prática de fazer utensílios com RG espacial não
nasceu com a civilização egípcia. Muito pelo contrário. Armas e ferramentas
humanas da Idade do Bronze, forjadas milhares de anos antes da queda de
Cleópatra, já seguiam essa mesma técnica de fabricação.
Foi na época histórica
conhecida como Idade do Bronze que os humanos dominaram a mistura de cobre e
estanho que dá nome ao período. O curioso é que, embora fizessem quase tudo com
essa liga metálica, resistente e maleável, nossos ancestrais já produziam
também suas primeiras peças com ferro, consideradas, à época, como verdadeiras
raridades — algo que mudaria somente cerca de 2 mil anos depois, com a Idade do
Ferro, em que tudo começaria a teria a cor prateada.
Os artefatos analisados
pelo estudo foram produzidos nesse mesmo período, mais precisamente entre 1300
e 3200 a.C. Na lista de exemplos analisados havia peças como uma pulseira feita
no Egito, uma adaga produzida na Turquia e um colar e um machado made in Síria — além de objetos chineses
variados e artigos da própria tumba de Tutancâmon.
Utilizando imagens de
um espectrômetro de fluorescência de raios-x, equipamento que usa ondas
eletromagnéticas para perturbar elementos químicos e, assim, determinar sua
composição, os pesquisadores procuravam por sinais de níquel e cobalto — metais
que poderiam mais facilmente acusar a origem extraterrestre. A comparação com
amostras de ferro terrestre acusou a origem na hora: o material ferroso
presente nos artefatos, na verdade, também teria vindo do espaço.
“Nossos resultados
complementam análises profundas de outros estudos, que sugerem que a maioria do
ferro da Idade do Bronze é derivado de meteoritos”, comenta Albert Jambon, autor da pesquisa. “O
próximo passo é determinar quando e onde esse tipo de metal apareceu pela
primeira vez”.
(Fonte: Superinteressante)
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