O time do Grêmio
estuda. E estuda muito seus adversários. Não poderia ser diferente na final da
Copa Libertadores. Pelo WhatsApp, os
jogadores receberam amplo material, incluindo vídeos de oito a 10 minutos de
cada um dos 30 jogadores inscritos pelo Lanús. A ideia do grupo de atletas
reunido a partir do aplicativo de mensagens surgiu no passado, ainda com Roger
Machado como treinador. Foram comprados pen
drives para cada um receber o conteúdo, até que o volante Edinho perguntou:
"E onde vou usar isso?".
Perceberem que muitos
jogadores não têm computador, apenas smartphones. "Meu celular faz tudo,
pra que computador?", questionou o atleta, para surpresa geral. Desde
então eles recebem vídeos, relatórios, scouts,
dados físicos, tudo via WhatsApp. É
um protocolo padrão, todos têm o material antes de enfrentar qualquer rival,
seja o Aimoré pelo Gaúchão ou na decisão internacional desta quarta-feira. A
única diferença é que em jogos de mata-mata são feitos os mapas de pênaltis,
tanto dos batedores quanto dos goleiros.
Diante da equipe
argentina, cada um dos possíveis cobradores de penalidades máximas saberá onde
o arqueiro Esteban Andrada saltou nas últimas contra ele. Da mesma forma
Marcelo Grohe conhecerá os cantos escolhidos pelos batedores do Granate.
Praticamente todos os times do Brasil, pelo menos os de séries A e B e alguns
da C; têm departamentos de análise de desempenho. O que varia, devido à capacidade
de investimento, é a visão que se tem sobre o setor, sua importância,
quantidade de pessoas, os hardwares e softwares, parcerias, etc.
O Grêmio foi o primeiro
a constituir um núcleo específico, em 2006, com o Mano Menezes e Rafael Vieira,
hoje ao lado do treinador na coordenação da mesma área no Cruzeiro. Os
tricolores até "exportam" analistas, como Tiago Duarte, hoje no
Sport; Lucas Oliveira, Atlético-PR; Bebeto Sauthier que esteve na seleção
olímpica; e Roberto Ribas, promovido a auxiliar de Roger Machado. Hoje Eduardo
Cecconi coordena o setor. Jornalista, está no Grêmio há quase seis anos e com
ele atuam mais dois analistas, Antônio Cruz e Rafael Pinto.
A atual direção
revitalizou o setor, com computadores, iPads e câmeras novos, assim como
softwares de edição, parceira de scouts,
entre outros recursos. O núcleo segue conceitos difundidos mundialmente pela
Universidade do Porto, ou seja, os padrões de análise baseiam-se na teoria e na
prática que o professor Julio Garganta e seus inúmeros discípulos
desenvolveram. O que muda, de comissão técnica para comissão técnica, é a
adaptação da linguagem.
Quando o objeto do
estudo é o Grêmio, e não os adversários, são enfatizados conceitos do
treinador, seguem o modelo de jogo. A equipe trabalha com observação,
interpretação, contextualização e transmissão de informação e conhecimento
sobre a equipe e seus adversários, sem juízo de valor. Observar nos mínimos
detalhes as características de cada oponente é missão básica para qualquer time
de futebol que o pratique em alto nível. Para isso, é importante que os atletas
compreendam a importância de tal estudo. E o Grêmio tem essa sorte.
(Por Mauro Cezar Pereira
/ ESPN)
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