Comandada pelo
presidente da Argentina, Mauricio Macri, a coalizão governista saiu vitoriosa e
fortalecida das eleições legislativas realizadas no domingo.
A Cambiemos, coligação de Macri, ganhou em 13 das 23 províncias,
incluindo lugares onde o peronismo imperou por décadas. Cerca de 40% dos votos
foi para o grupo do presidente, segundo autoridades eleitorais argentinas.
A ex-presidente
Cristina Kirchner, do Unidad Ciudadana,
é hoje o principal nome da oposição argentina e perdeu a batalha simbólica por
força e poder político contra Macri.
Apesar de ter
assegurado uma das três cadeiras no Senado para representar Buenos Aires,
Kirchner conquistou menos votos que Esteban Bullrich, ex-ministro e aliado
macrista.
As eleições de domingo
elegeram um terço dos 72 assentos do Senado e metade dos 254 deputados da
Câmara argentina.
As eleições deixam
Macri em situação mais confortável para impulsionar reformas e negociar em
melhores condições com peronistas, ainda que o presidente não tenha maioria
absoluta no Congresso.
O presidente, que vai
buscar reeleição em 2019, já disse ter um projeto de longo prazo para tentar
mudar a "Argentina para sempre".
No discurso de vitória,
Macri, contudo, manteve um tom mais precavido. "Estamos apenas começando a
transformar nossa querida Argentina".
Acredita-se que, com o
resultado das eleições, Macri tenha mais poder para acelerar a velocidade das
reformas, mas vai insistir em mudanças graduais, a passos mais lentos.
"É um dia muito
importante porque hoje confirmamos nosso compromisso com a mudança, que é um
compromisso sério", disse, na sede da Cambiemos.
Macri também convidou a
oposição para dialogar. "Sempre vamos escutá-los", disse, ciente de
que uma fatia cada vez maior do peronismo prefere negociar com ele do que se
aliar novamente com Kirchner.
A ex-presidente, por
sua vez, projeta-se como protagonista da política argentina. Não apenas por ser
uma das vozes anti-Macri, mas também porque está sendo processada em vários
casos de corrupção durante seu mandato presidencial, o que mantém seu nome nas
manchetes da mídia argentina.
A capacidade de
Kirchner de aglutinar a imprensa e interromper a "reforma de Macri",
no entanto, depende de sua gestão como senadora. Ela já começa em desvantagem
porque não foi quem teve mais votos em Buenos Aires.
Por
que Macri ganhou
A Argentina foi às
urnas no meio de uma disputa entre base e oposição pautada pelo debate da morte
de Santiago Maldonado, um artesão de 28 anos que desapareceu quando participava
de um protesto em defesa de uma terra indígena - o corpo dele foi encontrado na
semana passada num rio no sul do país.
Em plena campanha, o
sumiço do artesão desencadeou uma crise política uma vez que a oposição
insinuou que Maldonado teria sumido ao fugir das forças de segurança do governo
que reprimiam o protesto. Mas o Caso Maldonado parece não ter comprometido a
performance dos aliados do presidente Macri.
Muita gente, no
entanto, criticou a forma festiva com que os macristas comemoraram logo depois
do resultado das eleições. Esperava-se uma celebração mais serena, mas acabou
com dança e cúmbia.
A vitória da coalizão Cambiemos é atribuída à divisão da
oposição, à resistência ao nome de Cristina Kirchner - com índices de rejeição
entre 60% e 70% - e à expectativa de que as reformas de Macri, em especial na
área econômica, gerem resultados a médio prazo.
Depois da recessão de
2016, os ajustes promovidos por Macri no início do mandato fizeram disparar a
inflação, reduziram o consumo e aumentaram o déficit. Mas a economia argentina está
acumulando pequenas melhoras este ano.
Mas, apesar da
persistência de Cristina Kirchner como opositora, as denúncias contra ela e
contra seus aliados permitiram que governistas buscassem uma narrativa nessas
eleições de que estava em jogo a corrupção do passado e a prosperidade do
futuro.
(Fonte: BBC Brasil)
0 comments: