O sócio e presidente global da JBS, Wesley Batista, foi preso na manhã desta quarta (13) em São Paulo.
O pedido de prisão é preventiva —sem data para sair— e foi expedido pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, onde a Folha apurou que o empresário ficará preso.
"É absurda e lamentável a prisão e o inquérito aberto há vários meses em que investigados se apresentaram para dar explicações. Mais vez o Estado brasileiro é desleal com quem colabora com a Justiça", diz o advogado de Wesley, Pierpaolo Bottini.
Também há um novo pedido de prisão preventiva contra Joesley, que está detido desde terça (12) em Brasília. Ele deverá permanecer na carceragem da Polícia Federal na capital até sexta (15), caso sua prisão temporária não seja prorrogada.
Joesley se entregou no domingo (10), após o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, determinar seu pedido de prisão e suspender os benefícios de seu acordo de delação premiada e de Ricardo Saud, executivo da JBS. Os acordos dos outros cinco colaboradores estão mantidos.
Se não houver pedido de prorrogação de temporária ou reversão para preventiva da prisão de Joesley no Distrito Federal, o empresário deve ser transferido para São Paulo, onde cumprirá esse segundo mandado de prisão.
TENDÃO DE AQUILES
As ações da Polícia Federal desta quarta integram a segunda fase da Operação Tendão de Aquiles, que investiga, desde junho, se os irmãos Batista se beneficiaram de seu acordo de delação para lucrar no mercado financeiro, fazendo reservas.
As apurações miram o suposto uso de informações privilegiadas em transações entre abril e 17 de maio de 2017, data em que foram reveladas as primeiras informações da colaboração dos dois com a PGR (Procuradoria-Geral da República).
Documentos apresentados pela JBS à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) mostram que pessoas ligadas aos irmãos Batista venderam R$ 328,5 milhões em ações da empresa durante a negociação da delação.
O suposto crime na CVM não foi relatado pelos executivos da JBS no acordo de colaboração premiada.
O caso não está relacionado à delação de executivos da empresa e está fora da jurisdição de Fachin e de Rodrigo Janot, procurador-geral da República. Por isso, a "imunidade" conquistada pelos delatores não é válida para esse caso e para outros além da colaboração.
OPERAÇÕES
Segundo a PF, as investigações se dividem em dois acontecimentos.
O primeiro deles é a ordem de venda de ações da JBS na bolsa, entre 24 de abril e 17 de maio, pela FB Participações, empresa controladora do grupo.
Essas participações foram compradas por parte da JBS. Com isso, as apurações apontam que a empresa manipulou o mercado e influenciou os acionistas a absorver parte do prejuízo com a "baixa" de ações, que a FB Participações teria sofrido sozinha.
O segundo evento é a "intensa compra de contratos de derivativos de dólares" entre 28 de abril e 17 de maio pela JBS, acima da movimentação usual da empresa. Com isso, o grupo lucrou com a alta da moeda americana após a revelação da delação, em 17 de maio.
Nesse caso, os irmãos podem ser indiciados por crime contra o mercado de capitais, por terem supostamente utilizado informações relevantes ainda não divulgadas ao mercado a fim de obter vantagens.
O crime está previsto no artigo 27-D da Lei 6.385/76, que regula o mercado de valores mobiliários. A pena prevista é de um a cinco anos de prisão, além de multa de até três vezes o total que lucraram com as ações investigadas.
Além dos mandados de prisão preventiva, a PF cumpriu outros dois de busca e apreensão.
*FOLHA SP
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