As leis físicas mais
básicas que você aprendeu – aquelas elaboradas por Isaac Newton no século XVII
– não funcionam para tudo. Quando você tenta aplicá-las a coisas muito rápidas
que se movem quase à velocidade da luz ou coisas mais pesadas que as estrelas,
elas começam a desmoronar. É aí que entra em cena a teoria expandida de Albert
Einstein sobre o movimento e a gravidade, a teoria da relatividade geral.
A relatividade geral
funciona muito bem, e fez previsões que cientistas comprovaram cem anos depois.
A questão então se torna: é possível quebrá-la?
Uma equipe de
cientistas usou 20 anos de dados de vários telescópios para ver como três
estrelas orbitavam o centro de nossa própria galáxia Via Láctea, Sagittarius
A*. Eles criaram um teste de teoria da relatividade geral em um regime de massa
que até hoje não foi bem testado. E a teoria foi verificada, mais uma vez… por
enquanto.
“Neste momento, isso é
basicamente um teste de consistência”, disse o autor do estudo Andreas Eckart
ao Gizmodo. “Nós avaliamos os dados
com o que esperávamos da relatividade”, e viram “indicações muito fortes que
obtivemos a resposta esperada”.
Cientistas como
Einstein elaboraram teorias para explicar algo que eles não entendem. Mas uma
vez que a teoria existe, ele deve fazer previsões testáveis. Os cientistas
devem continuar a testar a teoria de várias maneiras: provando que essas
previsões realmente existem, como a descoberta de ondas gravitacionais
anunciadas em 2016, ou tentando quebrar a teoria aplicando-a a casos mais
extremos, como os pesquisadores estão fazendo aqui.
A equipe reuniu dados
de vários artigos, assim como observações do Very Large Telescope do Chile em
três estrelas, chamadas S2, S38 e S55/S0-102. Esses corpos orbitam Sgr A*, o
presumido buraco negro supermassivo quatro milhões de vezes a massa de nosso
próprio Sol no centro da Via Láctea. Os pesquisadores conseguiram comparar as
órbitas das estrelas com os valores matemáticos que as leis de Einstein
preveem. A equipe publicará seus resultados no Astrophysical Journal.
Mas isso está longe de
estar terminado. Apesar de duas décadas de dados, os pesquisadores apenas
olharam para três estrelas e viram uma grande incerteza quanto ao valor
calculado. Ainda há espaço suficiente para provar que Einstein estava errado.
“Para testar se há ou não uma violação, você precisa ter uma relação
sinal/ruído muito melhor”, disse Eckart. Medições mais precisas podem ser
feitas nessas estrelas usando outras experiências para fazer testes de
relatividade muito mais precisos. “Se isso vai levar a uma modificação, não
posso dizer”. O sinal pode ser fraco, mas ele espera que mais dados melhorem o
resultado.
Mas outros acham que é
um passo importante. “Da minha perspectiva, a coisa empolgante sobre este
artigo é que ele melhora os testes de gravidade em um regime que não foi bem
testado até o momento”, disse Tessa Baker, pesquisadora de pós-doutorado na
Universidade de Oxford ao Gizmodo. Ela apontou que há uma grande quantidade de
fatores de desordem e potenciais no centro da galáxia que podem nublar uma
medida lá, mas “parece que eles fizeram um trabalho abrangente e cuidadoso de
contabilizar eles”. Ela também Gostaria de ver como modificações na
relatividade geral apareceriam em suas medidas.
Mas o que a equipe de
Eckart fez no final das contas foi criar um sistema fácil de replicar com dados
adicionais para cientistas que desejam repetir os testes.
“Todos os dados são
publicados em tabelas”, disse Eckhart. “Usando o novo artigo, você poderia
tirar os dados das tabelas e executá-los novamente “.
(Fonte: Gizmodo Brasil)
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