Semanário
de negócios "Bloomberg Businessweek" fala em "máquina de
corrupção de maior alcance já desmantelada no mundo dos negócios".
Publicação detalha como funcionava setor da empreiteira especializado em
subornos.
O esquema de propinas
da Odebrecht no Brasil e no exterior é destaque da reportagem de capa da edição
desta semana da revista americana de negócios Bloomberg Businessweek. Com o título Ninguém jamais havia montado uma máquina de corrupção dessas, a
matéria descreve como funcionava o Departamento de Operações Estruturadas,
setor da empreiteira chefiado por Hilberto Mascarenhas Silva e criado
especialmente para distribuir subornos.
O semanário afirma que
aquele departamento talvez tenha sido "a máquina de corrupção mais
eficiente e de maior alcance já desmantelada no mundo dos negócios". Para
a publicação, a Odebrecht se tornou, ao longo das décadas, "um império
familiar erguido sobre práticas de suborno."
A Bloomberg Businessweek frisa que "entre 2001 e 2016, a
Odebrecht desembolsou 439 milhões de dólares em pagamentos ilícitos a
autoridades em 11 países, sem contar o Brasil", acrescentando que, em
contrapartida, conforme depoimentos da companhia à Justiça dos EUA, "os
governos desses países deram à Odebrecht contratos que geraram retornos de 1,4
bilhão de dólares".
"Lula
foi mina de ouro"
O momento que
impulsionou o crescimento internacional da empresa e do próprio esquema de
propina revelado pela Operação Lava Jato foi a chegada de Lula ao poder, em
2003, aponta a revista. "Ele foi uma mina de ouro para a Odebrecht",
destaca o texto.
"Lula iniciou uma
onda de gastos em obras públicas, na indústria naval e na Petrobras. A
Odebrecht abocanhou uma parcela enorme dos contratos e se tornou a maior
construtora da América Latina", diz a publicação. "Enquanto Lula se
empenhava em aumentar a influência do Brasil nos países vizinhos, a Odebrecht
aproveitava para enviar dinheiro para seus aliados na região."
De acordo com a
reportagem, o Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht começou a
operar em 2007, tendo sido criado para atender à amplitude e complexidade
crescente do esquema de propinas. "As operações da empresa cresceram à
medida que Lula acelerava os gastos em rodovias, portos e estaleiros, e abria
mercados fora do Brasil", destaca a revista.
Turbulência
continental
A reportagem comenta,
ainda, que o escândalo de corrupção da Lava a Jato abala não só a política
brasileira, mas também causa "turbulência política, econômica e social
pela América Latina". O Peru reduziu sua projeção de crescimento econômico
para 2017 por causa de atrasos e custos provenientes de contratos fraudulentos
com a Odebrecht, exemplifica a revista.
Outra crise estatal
citada pela publicação como fruto do esquema de corrupção da companhia
brasileira é o da República Dominicana, onde "o governo está emitindo
dívidas e desviando recursos de programas sociais para finalizar uma usina
elétrica "que a Odebrecht não terminou de construir porque seus
empréstimos foram suspensos".
(Fonte: DW)
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