Dono da JBS foi ouvido pela Procuradoria da
República do DF no âmbito da Operação Bullish
O empresário e
delator Joesley Batista, que retornou ao Brasil no domingo, prestou depoimento
na segunda-feira sobre repasses de mais de 80 milhões de reais para os
ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, no
exterior. A oitiva do dono da JBS aconteceu na Procuradoria da República do
Distrito Federal, no âmbito da Operação Bullish, que investiga fraudes no Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O executivo da JBS e
delator Ricardo Saud também foi ouvido.
O retorno de
Joesley ao Brasil foi confirmado em nota divulgada nesta terça-feira pela
assessoria do grupo J&F, que controla a empresa JBS. Conforme o texto,
Joesley saiu do país para proteger a integridade de sua família, “que sofreu
reiteradas ameaças” desde que ele decidiu fechar acordo de delação premiada. O
comunicado informa ainda que o empresário estava na China, e não “passeando na
Quinta Avenida”, nos Estados Unidos.
A delação de
sete executivos do grupo J&F, que também incluem o irmão de Joesley, Wesley
Batista, caiu como uma bomba em Brasília, abrindo a maior crise enfrentada pelo
presidente Michel Temer desde a sua ascensão e suscitando o debate sobre a
manutenção dele no cargo máximo do Executivo. Em diversas manifestações
públicas, o peemedebista precisou vir a público para dizer que não renunciaria
ao posto.
Operação Bullish
Deflagrada no
dia 12 de maio, cinco dias antes do vazamento da delação dos executivos da
J&F, a Bullish investiga possíveis irregularidades no repasse de 8,1
bilhões de reais do BNDES para empresas do grupo J&F. A investigação em que
Joesley foi ouvido foi instaurada pelo procurador Ivan Marx porque o
desmembramento promovido pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal (STF), baseou-se na conexão dos fatos narrados pelos
delatores com as irregularidades no banco público.
Na delação,
Joesley Batista narrou que, em 2009, foi criada uma conta para receber os
repasses relacionados a Lula e, no ano seguinte, outra foi aberta para envio de
valores relacionados a Dilma. O empresário revelou que, em dezembro naquele
ano, o BNDES adquiriu de debêntures da JBS, convertidas em ações, no valor de 2
bilhões de dólares, “para apoio do plano de expansão”.
“O depoente
escriturou em favor de Guido Mantega, por conta desse negócio, crédito de 50
milhões de dólares e abriu conta no exterior, em nome de offshore que
controlava, na qual depositou o valor”, relatou Joesley. Segundo o empresário,
em reunião com Mantega, no final de 2010, o petista pediu a ele “que abrisse
uma nova conta, que se destinaria a Dilma”. Nesse momento, disse o delator, foi
perguntado a Mantega se Lula e Dilma sabiam do esquema. “Guido confirmou que
sim”, disse ele.
(Fonte: Veja / Estadão)
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