O desenvolvimento da
agricultura no Neolítico e a industrialização no século XVIII são as maiores
revoluções econômicas da história. A Revolução
Agrícola possibilitou aos nossos ancestrais a produção do próprio alimento,
viabilizando a sedentarização e a formação de aldeias e cidades. A agricultura
se encontra no setor primário da economia, pois é uma peça básica na engrenagem
produtiva. Em tempos de recessão, a pujança do agronegócio é o Atlas da
economia da terra brasilis. Nas
entrelinhas, os fisiocratas exaltam a agricultura, questão presente numa frase
pontual do grande pensador fisiocrata François Quesnay: “toda riqueza provém da
terra.”
A Revolução Industrial na Inglaterra do Século das Luzes também personificou uma revolução sem precedentes
na história da economia. A introdução de máquinas provocou uma ascensão
expressiva na produção, gerando a queda nos preços das mercadorias por causa da
elevação da oferta. A industrialização contribuiu decisivamente no fortalecimento
e popularização do consumo, além de ter interferido no aumento da densidade
populacional e da expectativa de vida. Mais alimentos, maior o número de
pessoas alimentadas, mais pessoas alimentadas, maior a expectativa de vida.
Todavia, virou lugar-comum “satanizar” a Revolução
Industrial, graças à suposta substituição da mão de obra humana por
máquinas. É óbvio que a oferta robusta de mercadorias depende de fontes
proporcionais de matéria-prima, cuja cadeia movimenta vários setores da
economia como a agricultura e o extrativismo, logo precisa-se de mão de obra
que supra as exigências das fábricas. O senso comum e certos livros didáticos
proclamam que as “malvadas” máquinas usurparam os postos de trabalho do
proletariado. Essa opinião pouco consistente não consegue dar conta da
realidade, porque as máquinas só são operadas pelo intermédio do trabalhador.
Simplesmente, a Revolução Industrial
aumentou a oferta de emprego. A Revolução
Industrial não rima com desemprego. Por sinal, a taxa de desemprego é mui
abalada quando ocorre a desaceleração do ritmo de produção nas fábricas.
No século XIX, a
industrialização galgou as fronteiras da ilha de Grã-Bretanha e atingiu outros
países, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Japão, Estados Unidos, entre outros.
A 2ª fase da Revolução Industrial trouxe
novas tecnologias, como o uso do aço, petróleo e eletricidade. As inovações
advindas da área de ciências da natureza foram aplicadas na industrialização; é
válido salientar, o impacto inconteste da indústria farmacêutica, fator
imprescindível para o recrudescimento da expectativa de vida. Além disso, o mapa
mundial foi redefinido pelo neocolonialismo, haja vista a partilha da África e
Ásia entre as potências industrializadas. A expansão da industrialização foi
primordial na consolidação do sistema capitalista, este último, tem sua gênese
no mercantilismo. No século XX, a industrialização é incrementada com a
progressão surreal da tecnologia: informática, robótica, microeletrônica e nanotecnologia.
Os historiadores conceituaram o período supracitado com o título de Terceira Revolução Industrial.
O século XXI
testemunhou a propagação avassaladora dos computadores e da internet;
considerando o tempo histórico (notadamente lento), o cotidiano foi moldado
numa velocidade absurda consoante o uso de computadores: comércio, educação,
sistema bancário, indústria, comunicações, etc. Entrementes, a internet
explodiu, engendrando um terremoto em escala planetária, por conseguinte, a Globalização alcançou seu ápice, cujas
informações e notícias passaram a ser transmitidas de forma instantânea. As
barreiras do espaço foram postas em queda. O mundo jamais fora tão uno e
interconectado. O fluxo de informações é tão intenso que as pessoas não estão
conseguindo apreendê-las. Indubitavelmente, a internet é a maior revolução da
história no âmbito da informação.
Na derradeira década,
os smartphones invadiram as lojas e seduziram os consumidores com exacerbadas
doses de arroubo. Se não bastasse o computador, o celular chegou para revolucionar
o mercado mundial. A livre concorrência entre as grandes marcas produziu
aparelhos cada vez mais acessíveis e multifuncionais, oportunizando para o
consumidor um leque diversificado de opções. A popularização do smartphone foi
muito mais rápida que a dos computadores. O tal do celular se transmutou numa
extensão do corpo, isto é, a relação entre máquina e consumidor foi
individualizada. Faz-se tudo ou quase tudo pelo celular: compras, serviços
bancários, fotos, vídeos, acesso a redes sociais, ligações, mensagens...
Ademais, o smartphone englobou as funcionalidades de vários aparelhos, entre os
quais, televisão, rádio, videogame, walkman, agenda, computador, telefone,
lanterna, etc. Com o celular conectado à internet, o indivíduo tem literalmente
o mundo na palma da mão. O mundo mudou. Os costumes e as relações sociais
também acompanharam o fluxo de mudança. As empresas se adaptaram às novas
necessidades do consumidor-internauta. O smartphone ratificou uma nova era na
história. Estamos numa nova era. Enfim, chegamos na Quarta Revolução Industrial.
(Tosta
Neto, 01/04/2017)
A crônica acima extrai a sua riqueza na capacidade de realizar, em breve espaço de tempo, uma viagem pela própria história da tecnologia e do desenvolvimento ao longo da história humana. No que tange à "quarta revolução industrial", trata-se, como deixa claro o autor, em uma forte uma mudança de hábitos e costumes. Merece especial atenção nessa revolução a problemática ética em torno do conceito de privacidade, pois em nossos dias a mesma foi extremamente relativizada, se não, em alguns casos, abandonada por completo. Em um narcisismo cada vez mais exacerbado, as pessoas, em busca de status nas redes sociais ou mesmo a pura e simples atenção, expõem-se de maneira desenfreada atualizando a antiga e velha frase popular que diz que "a minha vida é um livro aberto", no caso, agora, é uma rede social aberta, escancarada e livre. Nesses tempos em que as grandes cidades do mundo vêm sofrendo com atentados terroristas, uma questão em torno do mesmo tema questiona o que seria mais importante: a privacidade digital dos cidadãos ou a segurança nacional? Os estados nacionais podem vasculhar a nossa privacidade digital com o objetivo de, supostamente, nos defender, evitar novos ataques e proteger vidas? Será que chegará um momento em que as nossas decisões deixará de ter como bússola as nossas idiossincrasias, valores, visões de mundo e contextos de vida para basear-se na autoridade dos algoritmos digitais e do big data (termo que designa a capacidade tecnológica de capturar, organizar e interpretar automaticamente imensas quantidades de dados)? Na verdade, existem muito mais perguntas do que respostas sobre as questões éticas, os costumes e valores envolvidos nessa "Quarta Revolução Industrial" mencionada por Tosta Neto. Existe muito por observar, refletir e decidir.
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