Microrganismos
resistentes a antibióticos vão dar uma volta no foguete de Elon Musk carregando
a esperança de encontrarmos uma solução para eles no espaço
No Valentine’s Day, dia dos namorados americano, a empresa espacial
SpaceX, fundada por Elon Musk, se prepara para um programa nada romântico. Eles
pretendem lançar um foguete carregado de superbactérias assustadoras – para
tentar combatê-las no espaço.
A passageira da vez é a
MRSA, uma variação da Staphylococcus
aureus que é resistente à meticilina, antibiótico da família das
penicilinas. Ela é extremamente letal nos EUA – mata mais, por ano, que a soma
de vítimas da AIDS, do Parkinson, do enfizema e de homicídios. A infecção começa com pontinhos na pele e
evolui para bolhas que viram feridas profundas, podendo acabar em fasciite
necrosante.
Mas a ideia não é simplesmente
despejar esse bicho tóxico como se fosse lixo espacial. O plano é levar a
cultura até a órbita na Estação Espacial Internacional. Lá, a SpaceX e a Nasa
querem aproveitar o ambiente do espaço para estudar melhor a resistência desse
microrganismo e entender como ele cria defesas contra novas drogas. Assim, dá
para ter uma ideia melhor do que as novas gerações – de pessoas e de
antibióticos – precisarão enfrentar.
Por
que no espaço?
Pesquisas realizadas
desde o fim dos anos 1990 tentam explicar como a vida reage à redução de
gravidade e à radiação espacial. Um dos efeitos observados em bactérias é uma
superatividade de proteínas ligadas ao seu metabolismo. Isso quer dizer que
elas vivem seu ciclo de vida e se reproduzem mais rápido. Com isso, elas sofrem
três vezes mais mutações que na Terra.
Algumas dessas mutações
são justamente o que as torna resistentes aos remédios. Portanto, o que o
projeto pretende fazer é acelerar o processo de evolução dessas bactérias,
analisando suas mudanças em tempo real com uma tecnologia chamada GeneRADAR.
O ciclo da bactéria no
espaço pode nos dar a visão de um ou mais possíveis futuros da MRSA na Terra,
indicando que mutações elas são mais propensas a desenvolver. Se as bactérias
se comportarem de acordo com o esperado, o método pode ajudar a ciência a
pesquisar tipos específicos de medicamentos para combater novas resistências
bacterianas antes que elas se apresentem em infecções humanas.
O problema é que a MRSA
está longe de ser a única superbactéria a estar aumentando sua resistência – e,
pelo menos por enquanto, estamos longe de ter tantos foguetes assim.
(Fonte: Superinteressante)
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