QUINTA-FEIRA,
9 DE MARÇO DE 2017 por Graham Hunter no Camp Nou
O
nosso repórter Graham Hunter olha para uma noite onde o acreditar abriu caminho
a algo de inacreditável, depois de ver o Barcelona conseguir a maior
recuperação da história da UEFA Champions League.
O futebol pode ser
extraordinariamente inacreditável quando jogado assim, deixando todos de boca
aberta, sem palavras.
Mas aos poucos, à
medida que vamos reajustando na nossa memória as imagens de tudo aquilo a que
assistimos, as palavras vão aparecendo.
Uma imagem resume bem
como foi extraordinário o que aconteceu: Lionel Messi a correr na direção
oposta à dos colegas no momento do sexto gol e a festejar desenfreadamente por
detrás da baliza nos braços de dezenas de adeptos do Barcelona.
Essa foi, sem dúvida,
uma das imagens da noite: um dos melhores jogadores de todos os tempos, talvez
o melhor, rendido ao delírio da alegria, a seguir o seu instinto, o seu
coração, e a celebrar de forma apaixonada abraçando os mais fanáticos dos
adeptos.
E o que dizer de Gerard
Piqué, com as lágrimas a correrem-lhe pelos olhos? Uma imagem do acreditar, uma
prova de que a turma da casa nunca deixou de pensar que era possível, mesmo
quando precisava marcar três gols e o relógio mostrava que só faltavam três
minutos para os 90.
Eles acreditaram. Eles
nunca deixaram de acreditar. Depois, quando o sexto gol surgiu, pareciam não
querer acreditar. Tinham ultrapassado os limites do futebol.
Luis Enrique saltou
pelo relvado, perdido de euforia, completamente levado pelo momento. Mas não se
esqueceu de partilhar esse momento com a sua equipa técnica, à qual se abraçou
aos saltos.
Mas as imagens de um
espetáculo destes não nos ficam apenas na memória por causa dos vencedores.
Pobre Kevin Trapp,
guarda-redes do Paris Saint-Germain, desolado, sentado no mesmo chão que Sammy
Kuffour esmurrou com os punhos depois de outro jogo inacreditável, quando viu o
seu Bayern München sofrer dois gols nos últimos três minutos do jogo frente ao
Manchester United na final de 1999 da UEFA Champions League.
Haverá algo de místico
na baliza do topo norte de Camp Nou que conduza a emoções como estas? A verdade
é que Trapp e os colegas ficaram prostrados no relvado a sentir o mesmo que os
jogadores do Bayern sentiram há quase 18 anos.
O Paris, tal como o
Bayern, teve oportunidades para selar o seu triunfo. Acertou no poste, viu
Marc-André ter Stegen produzir uma defesa heroica e ninguém pode honestamente
culpar os jogadores de Unai Emery por, com três gols de vantagem e o relógio a
marcar 87 minutos, pensarem que o apuramento estava assegurado.
Só os adeptos do Barça
não pensavam que assim fosse. Não deixaram os seus lugares e ficaram até ao
fim, talvez apenas para dizerem aos seus jogadores, quando o jogo acabasse:
"Foi pena, rapazes, estivemos quase, mas obrigado." Em vez disso,
viram acontecer história. O som dos gritos de alegria foram-se, aos poucos,
dissipando, mas a memória daquilo a que assistiram jamais desaparecerá.
(Fonte: UEFA)
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