Imagine como seria um
dia acompanhar a equipe que você preside na estreia na Copa Libertadores e dois
dias depois viajar mais de 5.000 KM para treinar outra equipe na competição.
Absurdo?
Pode até ser, mas a
história é real. O Zulia, da Venezuela, adversário da Chapecoense nesta
terça-feira, às 21h45 (de Brasília), tem como dono o ex-jogador venezuelano
César Farías. Aos 43 anos, ele também é treinador do The Strongest, da Bolívia.
Ambos os clubes disputam a Libertadores.
Farías pode até estar
presente nesta terça no estádio José Encarnación Romero, em Maracaibo, para
acompanhar o duelo contra a Chapecoense. A expectativa na cidade é grande. Na
próxima quinta-feira, obrigatoriamente ele estará na Bolívia para comandar o
The Strongest contra o Santa Fé, da Colômbia, na cidade de La Paz.
Os jogos são
importantes para ambos os clubes.
Para o Zulia trata-se
da primeira partida na história da Libertadores, possivelmente com o estádio de
35 mil lugares lotado. A equipe é jovem (11 anos) e experimenta seu melhor
momento. É a atual vencedora do Venezuelano e da Copa da Venezuela, os
principais torneios do país.
Para The Strongest será
o primeiro jogo na fase de grupos após o time passar na eliminatória pelo
Montevideo Wanderers, do Uruguai, e pelo Unión Española, do Chile, que eram
favoritos.
Por enquanto, não há
risco de Zulia e The Strongest se encontrarem no torneio. Os venezuelanos estão
na chave 7 e os bolivianos, na 2. Mas o presidente/treinador terá problemas no
calendário. Isso porque três dos cincos jogos restantes das equipes nesta fase
ocorrem no mesmo dia.
Se eles se
classificarem para as oitavas de final, até poderão duelar nas oitavas de
final, dependendo do resultado do sorteio dos organizadores.
Conflito de interesses?
A reportagem entrou em contato com o departamento de comunicação da Conmebol,
que não respondeu.
Técnico,
administrador e revolucionário
Farías foi jogador na
Venezuela, mas a fama dele foi construída como técnico.
Ele é o responsável
pela melhor campanha da Venezuela na Copa América de 2011, quando eliminou o
Chile nas quartas de final e chegou até a semifinal, sendo eliminada pelos
paraguaios. Terminou no quarto lugar da competição.
Deixou a seleção em
2013 e foi comandar o Tijuana, do México. Mas no final de 2014 decidiu parar e
foi aí que assumiu o comando econômico do Zulia. Houve uma negociação com a
prefeitura da cidade para que tudo fosse viabilizado da melhor forma.
O interesse local em
Farías era claro. Já era conhecido nacionalmente por ter sido técnico da
seleção, mas cidade tinha uma história própria. Foi jogador do Zulianos, equipe
extinta na cidade. Assim, Farías representava bem o espírito de renovação
desejado.
Com ele, a jovem equipe
ganhou holofotes, patrocinadores, investimento e, no ano passado, teve
temporada histórica, com dois títulos nacionais de peso.
Farías ainda tem um
passado curioso. Foi amigo de Hugo Chávez, o fundador do Movimento Bolivariano
Revulocionário-200 (MBR-200) e presidente do país de 1999 a 2013. Inclusive,
ele é simpatizante do MBR-200 e as entrevistas costumam lembrar os discursos do
amigo diplomata, morto em 2013.
No site do clube,
Farías tem um blog, que ele não atualiza desde 27 de julho de 2015. Foram
apenas três publicações. Mas engana-se quem pensa que ele gastava tempo discutindo
amenidades. O dono do Zulia defendia melhorais para o futebol venezuelano.
Para Mauro, jogadores
deveriam se preocupar em estudar o adversário e não em guerra dentro de campo.
Chapecoense
contra a maratona
A Chapecoense jogará
contra o Zulia após enfrentar uma verdadeira maratona.
A equipe catarinense
chegou a Maracaibo apenas na madrugada de domingo para segunda-feira. E a
viagem foi longa. Começou ainda no sábado, após os reservas enfrentarem o
Criciúma e vencerem por 2 a 0, em Chapecó.
A Chapecoense
aproveitou a viagem para divulgar os inscritos no torneio sul-americano, com Neto
e Alan Ruschel, sobreviventes da tragédia aérea na Colômbia, em 29 de novembro
do ano passado.
(Fonte: ESPN)
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