Cientistas que
analisavam os dados da sonda japonesa SELENE, apelidada de Kaguya, descobriram
que há oxigênio, possivelmente vindo de plantas da Terra, atingindo a Lua. A
descoberta foi feita a partir da coleta de dados da Kaguya, com seus sensores
de partículas, enquanto orbitava 99,7 quilômetros acima do satélite natural,
entre 2007 e 2009. A Lua, assim como a Terra, recebe diariamente radiação solar
de alta energia. Mas, cinco dias por mês, ela fica à sombra do campo magnético
da Terra.
Mas como o oxigênio de
nosso planeta teria feito seu caminho até à Lua? Bom, o campo magnético da
Terra deixa um longo funil de partículas eletricamente carregadas em seu rastro.
Um funil muito mais fino com maior densidade de partículas, chamado de lençol
de plasma, fica no centro. O estudo, publicado na Nature Astronomy, descobriu íons O+ (átomos de oxigênio menos um
elétron) de maior energia quando a Kaguya passou pelo lençol de plasma. Este
oxigênio de alta energia não era detectado quando a Lua estava fora da
magnetosfera da Terra.
Após a análise, a
equipe estava certa de que esses íons O+ não vieram de ventos solares, mas sim
da atmosfera da Terra, o que significa que as plantas provavelmente os
produziram durante a fotossíntese. Os íons também provavelmente ficaram presos
na poeira lunar. “Uma consequência dessa descoberta é que toda a superfície
lunar pode ser contaminada com oxigênio terrestre biogênico, produzido por
fotossíntese ao longo de bilhões de anos.”
Já sabíamos que há uma
“defecação” da Terra sobre a Lua, e não estamos falando do que nossos humanos
deixaram lá. Mas não havíamos visto esse processo de troca entre a Terra e a
Lua pelo oxigênio, e é bem incrível que a Kaguya tenha conseguido “sentir o
cheiro” de tão longe.
Outros cientistas
acharam a análise sensata. A lua Iapetus, de Saturno, também reúne material
coletado de outras luas, contou ao Gizmodo
Alexander Mustill, pós-doutor em física teórica na Universidad Autónoma de
Madrid. Ainda assim, “a parte mais empolgante deste estudo está nas possíveis
implicações: a possibilidade de reconstrução, a partir de depósitos na Lua, da
história da atmosfera da Terra”, afirmou, em um email. Entretanto, tanto
Mustill quanto os cientistas japoneses reconhecem que, no momento, não há um
jeito de dizer quando um íon de oxigênio atinge a Lua, então seria difícil
traçar um cenário da história atmosférica da Terra apenas com esses dados.
(Fonte: Gizmodo Brasil)
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