Se
vivesse hoje, o filósofo não seria do tipo que fica com 10 janelas do navegador
abertas
Até os anos 1950, o
filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) despertava pouco interesse nos
departamentos de filosofia nas universidades. Porém, mais recentemente,
tornou-se um pensador popular não somente entre pesquisadores, mas também entre
o público geral. Nas livrarias, há mais títulos com seu nome do que de qualquer
outro grande filósofo. Parte disso se deve ao fato de que Nietzsche escrevia
muito bem. Ele ficou famoso por seus textos curtos, que iam de uma frase a
algumas poucas páginas. Além do mais, o autor tinha coisas interessantes a
dizer sobre praticamente qualquer assunto.
Seus livros costumam
fazer referências a vários autores de sua época, de diversas áreas — inclusive
compositores musicais. À primeira vista, Nietzsche parece valorizar o excesso
de informação. Mas não se engane: se vivesse hoje, dificilmente o filósofo
seria do tipo que fica com 10 janelas do navegador de internet abertas ao mesmo
tempo ou vê alguma vantagem nessa história de multitask. "Para ele,
conhecimento vasto não tem nada a ver com dados aleatórios reunidos sem
critério, como fazemos hoje em dia ao navegar pela web”, afirma Douglas
Burnham, professor de filosofia da Universidade de Staffordshire, no Reino
Unido.
Para Nietzsche, as
pessoas precisam conhecer um pouco de música, literatura, artes. Mas não podem
perder tempo demais soterradas em detalhes sobre cada tema. “A maior parte do
dia deve ser dedicada a conhecer a fundo um determinado assunto. E isso não
significa passar o dia inteiro lendo sobre ele”, afirma Burnham. Se você se
interessa por engenharia, por exemplo, saia à rua, compare construções, procure
pessoas que entendem mais do que você sobre o assunto. Em outras palavras: se
Nietzsche estivesse vivo hoje, certamente diria: use o Google, mas com
parcimônia.
(Fonte: Revista Galileu)
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