BRASÍLIA
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Braço direito do corretor Lúcio Bolonha Funaro, o empresário Alexandre Margotto
detalhou em seu acordo de delação premiada como o grupo político do PMDB da
Câmara, liderado por Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, atuava na liberação de
valores para grandes empresas junto a órgãos públicos, em especial a Caixa. O acordo
foi tornado público pelo juiz Vallisney de Souza, da 10.ª Vara Federal do
Distrito Federal.
Como revelou o Estado na edição desta sexta-feira, 17,
nos depoimentos prestados à Procuradoria da República no DF, Margotto disse que
a Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa, comandada pelo ex-ministro
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) de 2011 a 2013, era mais rentável para Funaro que
a Vice-Presidência de Fundos de Governo e Loterias, a cargo de Fábio Cleto –
que delatou desvios em operações bilionárias do banco público.
Ele também afirmou que
o corretor ganhou uma casa como forma de receber um dívida de propina devida
pela holding J&F. Ao Estado,
Joesley alegou que vendeu o bem ao corretor. No primeiro anexo, o colaborador
explicou a origem do seu relacionamento com Funaro, Fábio Cleto e outros
investigados pela força-tarefa de procuradores que unificou as investigações
das operações Sépsis, Greenfield e Cui Bonno. Ele contou que foi ele quem
apresentou Cleto a Funaro.
Nos depoimentos
relacionados aos anexos 2, 3 e 4, o empresário detalhou a utilização de suas
empresas e as de Funaro no recebimento de valores oriundos de negociações junto
aos órgãos públicos. No anexo 5, ele explicou como funcionava o “esquema geral”
do grupo, desde o relacionamento com as empresas até a liberação dos
investimentos do FI-FGTS e de carteiras administradas pelo fundo. Nesse tópico,
ele apontou as ilicitudes envolvendo o investimento do FGTS no empreendimento
do Porto Maravilha, sob comando das empreiteiras Carioca Engenharia, Odebrecht
e OAS. Margotto confirmou que Cunha e Cleto receberam propina para liberar o
aporte do empreendimento.
J&F.
Segundo Margotto, o empresário Joesley Batista, presidente da holding que
controla empresas como a JBS, Vigor e Alpargatas, era habitualmente visto no
escritório de Lúcio Funaro. O delator afirmou que Batista sabia que Funaro
repassava valores recebidos dele para políticos em troca da liberação dos
empréstimos e aportes.
Em nota, a J&F
informou que “reitera que suas relações comerciais com Lúcio Funaro são
lícitas, legais e devidamente documentadas.” Sobre os assuntos que estão sob
investigação, a empresa esclareceu que está à disposição do MPF e da Justiça caso
haja algo a acrescentar. “A J&F esclarece ainda que nenhum de seus
executivos citados tiveram ou têm qualquer relação com Alexandre Margotto”.
O Estado não conseguiu contato com a defesa de Geddel e de Funaro. A
defesa de Cunha não respondeu aos contatos da reportagem.
(Fonte: Estadão)
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