Ideia
testada por pesquisadores também elimina o conceito de matéria escura
Pesquisadores do
Observatório Leiden, na Holanda, estão deixando Einstein e Newton um pouco
desconfortáveis em seus túmulos. É que um estudo, publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical
Society, desafia não só as ideias dos físicos famosos, como também descarta
o conceito de matéria escura.
Para entender o estudo
polêmico, antes é preciso lembrar da importância de dois dos maiores cientistas
da história. Primeiro, temos Isaac Newton, que nos ensinou que a gravidade
(essa mesma que fez a maçã cair em sua cabeça) é a força responsável por manter
a Terra, o Sol, os planetas e tudo mais que existe no universo no seu lugar. Já
Einstein, aprofundando os conceitos de Newton, nos ensinou que a gravidade é
tão poderosa que, além de manter os corpos em seus lugares, ela também dobra o
espaço-tempo.
Estas ideias são tão
importantes que são usadas até hoje, seja em lançamentos de foguetes ou em
tecnologias como o GPS. A descoberta das ondas gravitacionais, por exemplo,
comprovou um dos principais conceitos formulados por Einstein.
O problema é que, por
mais geniais que as teorias sejam, elas não conseguem explicar tudo. Elas
falham miseravelmente ao serem aplicadas ao mundo subatômico, por exemplo, o
mundo de partículas muito, muito menores do que o átomo. O mesmo acontece
quando elas tentam descrever o universo em escala monumental, como os
aglomerados de galáxias.
Estes modelos
gravitacionais só fazem sentido entre corpos muito, muito gigantes se a matéria
escura entrar na história. O movimento de algo tão imenso como os aglomerados
de galáxias só poderia ser explicado se existisse mais matéria no universo,
alguma coisa que, apesar de ninguém ver, está ali exercendo influência. Foi
mais ou menos assim que criaram o conceito de matéria escura — apresentado pela
primeira vez em 1930 por Fritz Zwicky e reforçado pelos estudos de Vera Rubin.
"Os físicos não
acreditam na existência da matéria escura com base em observações, mas sim
porque não havia evidência teórica ou um argumento conceitual que explicasse
essas leis [de Newton e Einstein] à medida em que novos fenômenos eram
observados", explicou em um artigo o físico Erik Verlinde, especialista em
Teoria das Cordas da Universidade de Amsterdam.
É de Verlinde a teoria
da gravidade alternativa que foi testada com sucesso pelos pesquisadores do
Observatório Leiden. A explicação do físico é que a força da gravidade entre
dois objetos distantes decai menos do que se imaginava. Ou seja, a interação
entre a matéria conhecida e a energia escura já resolveria o caso. Logo, a
teoria dispensa o uso da matéria escura.
Para testar a ideia, o
grupo coordenado pela astrônoma Margot Brouwer mediu a densidade de 33.613
galáxias e comparou os dados com a densidade que foi proposta por Verlinde. E
tivemos um match. Com base nos dados (e apenas com matéria observável), os
cientistas conseguiram explicar algo que Einstein não havia conseguido.
Mas calma. Para validar
a ideia de Verlinde uma série de outras questões ainda precisam ser
respondidas. Este é apenas um primeiro passo. Einstein e Newton podem dormir
tranquilos, por enquanto.
(Fonte: Galileu)
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