Passarinho,
que som é esse? É o som do divórcio.
Você já sabe que o
desmatamento não é bom. Contribui para o aquecimento global, extermina
espécies, e até atrapalha a economia. O que talvez você não saiba é que cortar
árvores também está afetando vidas conjugais. De pássaros.
Quem está vivenciando
esse dilema são duas espécies de aves os Troglodytes
pacificus e os Catharus ustulatus
(conhecido no Brasil como sabiá-de-óculos), animais com características
marcantes: eles são monogâmicos e fiéis. Ou eram. Na natureza, essas aves
costumavam encontrar regiões seguras, garantir um pouco de comida, e então
achavam um par para procriar. Viviam felizes para sempre.
Claro que havia
imprevistos e separações. Às vezes o parceiro tinha algum problema fértil, não
conseguia produzir novos ovinhos, e aí a natureza falava mais forte. O pássaro
ia para outra região procurar um novo par que pudesse, enfim, transmitir seus
genes adiante; mas essa situação era rara. Agora as separações estão ficando
mais comuns.
Conforme as cidades vêm
crescendo, seus subúrbios ficam cada vez mais próximos das regiões que esses
animais habitam. Os pássaros não conseguem se adaptar aos novos vizinhos e têm
que partir a procura de outros locais com boas condições para reprodução. O que
pesquisadores da Universidade de Washington descobriram é que, quando esses
animais encontram novas áreas é comum que pássaros da mesma espécie já tenham
chegado ali antes. Os novos habitantes conhecem os moradores mais antigos, e,
muitas vezes largam seus parceiros para ficar com algum novo pretendente.
A questão é que no meio
dessas mudanças de lar e parceiros, os animais podem deixar passar uma
temporada inteira de período fértil enquanto arranjam novos parceiros, ou
organizam um novo ninho – afetando diretamente sua taxa de reprodução. “O custo
secreto do desenvolvimento nessas regiões é que esses pássaros estão sendo
forçados a fazer coisas que a seleção natural não os impunha anteriormente”,
afirmou em comunicado John Marzluff, responsável pelo estudo e biólogo na
Universidade de Washington.
A pesquisa levou dez
anos para ser feita. Os envolvidos estudaram seis diferentes espécies de
pássaro durante todo o período, e colocavam etiquetas em alguns animais para
que pudessem identificar onde eles estavam vivendo, e com quem dividiam o
ninho.
(Fonte: Superinteressante)
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