Os presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, voltaram a se enfrentar na manhã desta quinta-feira. Agentes penitenciários precisaram atirar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para conter o confronto entre os detentos.O helicóptero da polícia chegou a jogar bombas de efeito moral para tentar conter os presos. A Polícia Militar faz o patrulhamento da área externa do presídio, para evitar fugas.
Pelo quinto dia consecutivo, Alcaçuz continua com presos livres, ocupando os telhados dentro da detenção, e ameaças mútuas por parte das duas facções que controlam o local: Primeiro Comando da Capital (PCC) e Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte.
Entre sábado (14) e domingo (15), ao menos 26 presos foram mortos durante um motim na penitenciária. A maioria dos mortos é ligada à facção criminosa Sindicato do Crime do RN. O grupo disputa espaço dentro dos presídios do Estado com a facção PCC.
Nessa quarta-feira (18), o governo do Rio Grande do Norte transferiu da unidade 220 detentos ligados ao Sindicato do Crime, que domina a maioria das penitenciárias do Estado. Cerca de 100 detentos foram levados para o presídio estadual de Parnamirim e o restante para outra cadeia.
Agora, o Sindicato domina três pavilhões de Alcaçuz. O PCC está isolado na ala cinco. Não há divisões físicas entre eles. Policiais nas guaritas impedem que as duas facções se encontrem.
Apenas nos primeiros 15 dias do ano, em meio à disputa entre facções, 136 presos foram assassinados nas prisões do país, incluindo massacres no Amazonas, Roraima e RN. O governo federal, que nos últimos meses minimizou a guerra entre os grupos criminosos, anunciou na terça (17) a autorização para que as Forças Armadas possam atuar na varredura de presídios para ajudar a contornar a situação.
Nesta manhã, era possível ver presos ameaçando uns aos outros, usando facões e pedaços de madeira. Em alguns momentos, policiais nas guaritas atiram, como forma de advertência, quando presos das duas alas ameaçam se aproximar.
Forças Armadas
“Não será apenas a inspeção periódica que vai resolver o problema”, disse Temer. "Se não houver uma conjunção de esforços, não vamos ter a ilusão de que a simples menção às Forças Armadas irá resolver a questão. É puxar o primeiro fio de novelo."
Horas antes dos ataques em Natal, Temer admitiu a gravidade da crise, com termos como "tormentoso drama" e "drama infernal" para se referir à situação. Falou da necessidade de "ousadia" para soluções (referência ao uso controverso das Forças Armadas), mas admitiu as limitações das medidas contra a crise.
Detentos mortos em 2017
Inicialmente, está prevista a mobilização de mil homens das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), divididos em cerca de 30 equipes, para atuar em presídios. Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, as equipes devem iniciar as vistorias em até dez dias.
Os governadores de AM, RR e RN, onde houve os massacres neste ano, já pediram à União a presença das Forças Armadas para participar da varredura em prisões. Após reunião com Temer, governadores de outros sete Estados deram aval ao plano anunciado pelo presidente. O Exército somente entrará em locais em que não haja risco de rebelião -e sem manter contato com presos.
Eles seriam destacados para entrar nos presídios em crise ou sob ameaça e fazer a triagem da massa carcerária para localizar e separar líderes de facções criminosas.
As ações serão exclusivamente de varredura para detectar objetos como celulares, facas, explosivos, armas, barras de ferro e munição. Jungmann destacou que os militares não terão nenhum contato com os presos. O manejo dos detentos para que se verifique as celas será feito por polícias estaduais e agentes penitenciários. O gasto inicial previsto é de R$ 10 milhões.
O governo também anunciou a criação de um grupo de intervenção, para atuar como uma Força Nacional voltada para penitenciárias. O grupo seria formado por cerca de cem agentes penitenciários cedidos pelos Estados e sob coordenação dos governos, com custos compartilhados com a União.
Fonte: Folhapress e Agência O Globo
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