E nenhum keynesiano responde com sinceridade a esta
pergunta
"Quando uma
economia está em recessão, o governo tem de criar demanda agregada. E ele tem
de fazer isso aumentando seus gastos". Este é o mantra keynesiano.
Tal raciocínio
advém diretamente da fórmula matemática do PIB, a saber:
C + I + G + X -
M = Y(PIB)
Consumo +
Investimento + Gastos Governamentais + Exportações - Importações = Produto
Interno Bruto
O consumo (C)
envolve uma série de decisões individuais sobre como será a alocação de
recursos por toda a sociedade. O
investimento (I) envolve uma série de decisões individuais sobre como será a
alocação de recursos por toda a sociedade.
As exportações (X) envolvem uma série de decisões individuais sobre como
será a alocação de recursos por toda a sociedade. O mesmo se aplica às importações.
Já os gastos
governamentais (G) representam um tipo diferente de decisão de alocação
C, I, X e M se
originam espontaneamente das ações dos proprietários originais dos
recursos. Já o G não se origina das
ações dos proprietários originais dos recursos. O governo não tem recursos
próprios para gastar.
O que nos leva
então à fatídica pergunta:
"De onde
vem o dinheiro que o governo utiliza para aumentar seus gastos?"
Sim, isso é
praticamente tudo o que você tem de fazer para refutar Keynes. Basta fazer essa
pergunta e toda a ideia se desmorona.
Há um volumoso
material acadêmico que se baseia abertamente na teoria de Keynes. São mais de
70 anos de publicações acadêmicas. Todo esse material preenche milhões de
volumes de livros-textos de macroeconomia. Trata-se do dogma econômico reinante
do mundo moderno. E todo esse material evita por completo essa pergunta: "De
onde vem o dinheiro que o governo utiliza para aumentar seus gastos?"
Há três
respostas: ou o governo aumenta impostos; ou ele toma dinheiro emprestado de
bancos, pessoas e empresas; ou ele simplesmente imprime dinheiro.
Não é preciso
ser um profundo conhecedor de economia para entender que nenhuma dessas três
medidas cria riqueza.
Volte à fórmula
do PIB. Veja que C, I, X e M são baseados na produção. Eles representam forças
criativas. Já o G é baseado no confisco.
1) Se um aumento de G advém de mais impostos,
então C, I, X e M serão prejudicados.
2) Se um aumento de G advém do
endividamento do governo (com o governo emitindo títulos e esses títulos sendo
adquiridos por bancos), então igualmente haverá menos dinheiro para C, I, X, e
M. Os empreendedores agora não mais
conseguirão empréstimos junto a esses bancos, que passaram a direcionar o
dinheiro para os títulos do governo. Com mais empréstimos indo para o governo,
os juros subirão e inviabilizarão investimentos produtivos. Igualmente, pessoas
e empresas que também emprestarem dinheiro para o governo terão agora menos
dinheiro para consumir e investir.
3) Se um aumento de G advém da simples
criação de dinheiro pelo próprio governo, os preços dos bens e serviços
subirão. Se os salários não forem reajustados, todos ficarão mais pobres. Se
forem reajustados, todos ficarão na mesma situação de antes. (No extremo, a
contínua criação de dinheiro leva à Venezuela.)
De novo: nenhuma
dessas três medidas cria riqueza. Consequentemente, nenhuma dessas três medidas
pode tirar uma economia de uma recessão.
G não é uma
força criativa. Tudo o que é gasto por G
é feito à custa de C, I, X ou M.
Tomando de Pedro para subsidiar Paulo
O item mais
utilizado pelos governos durante uma recessão é o item 2: endividamento.
Dado que
aumentar impostos é impopular (ainda mais durante uma recessão) e dado que
simplesmente imprimir dinheiro para financiar despesas correntes não mais é uma
prática legal na maior parte do mundo civilizado [N. do E.: no Brasil, isso foi
proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, artigos 35 e 39], então os
governos recorrem majoritariamente ao aumento dos déficits orçamentários e,
consequentemente, da dívida pública.
Quando isso
ocorre, apenas aqueles indivíduos mais iniciados irão fazer essas duas
perguntas óbvias:
a) De onde o governo irá tirar dinheiro
para pagar esse empréstimo e seus juros?
b) De onde as pessoas e empresas irão
tirar dinheiro para emprestar ao governo?
As respostas dos
políticos para a primeira pergunta é fácil: impostos e mais endividamento.
Já a segunda
pergunta traz consigo a própria resposta: o dinheiro que as pessoas emprestam
ao governo é aquele dinheiro que deixou de ir para C, I, X e M.
De novo: nada
disso cria riqueza; nada disso pode tirar uma economia da recessão.
Os mais
insistentes poderão, ainda, perguntar:
c) Qual a consequência de os bancos
direcionarem mais dinheiro para o governo?
A resposta é
direta, mas poucos fazem a conexão: mais dinheiro sendo emprestado para o
governo significa menos dinheiro sendo emprestado para pessoas e empresas. Com
menos dinheiro disponível para pessoas e empresas — e sabendo que é mais
arriscado emprestar para pessoas e empresas do que para o governo —, os juros
serão bem mais altos.
De novo, pela
quarta vez: nada disso cria riqueza; nada disso pode tirar uma economia da
recessão.
O grande truque
O núcleo da
teoria econômica keynesiana é este: atribuir uma produtividade econômica a uma
agência que nada mais faz do que se apossar do dinheiro alheio sem nada
produzir.
De alguma forma,
segundo a teoria keynesiana, o governo pode elevar o gasto agregado da economia
(1) sem estar produzindo nada de novo e (2) sem que isso reduza os gastos em
outros lugares da economia. Keynes nunca
explicou como isso seria possível. Nem
seus discípulos.
Ainda chegaremos
ao dia em que economistas, historiadores e investidores olharão para o passado
e quedarão espantados com a total incapacidade de três gerações (1950-20??) de
economistas e investidores de perceberem o óbvio.
O cético há de
gritar: "Mas toda a economia keynesiana não pode ser resumida apenas a
isso". Pode. Com efeito, toda a economia keynesiana é apenas isso. E o cético retrucará: "Alguém teria
apontado isso ainda em 1936 se isso fosse tudo o que há nela." Poucos, além de Mises e Hayek, fizeram
isso. E esses poucos passaram a ser
ignorados após 1948, o ano em que Paul Samuelson publicou seu livro-texto de
economia.
Como assim? Por
que toda essa platitude foi aceita? Por causa daquilo que George Orwell
observou em 1946, o mesmo ano em que Keynes morreu. "Enxergar
o que está na frente do nariz exige um esforço constante".
Keynes foi um
mestre da prestidigitação verbal. Ele soube como manter os olhos da plateia
direcionados para qualquer outro lugar do palco e não para o coelho dentro da
cartola: o coelho da riqueza criada pelo gasto do governo. O governo não pode
tirar nada de sua cartola que não tenha antes colocado lá.
A estória de
criação keynesiana de riqueza sempre foi a estória do imperador nu. Quando toda
uma civilização se mostra alegremente enganada por esse tipo de conto, a
verdade sempre encontra enorme resistência.
E quando você
descobre um fato óbvio que não foi percebido por toda uma cultura, você
identificou o calcanhar de Aquiles daquela cultura.
(Fonte: Mises Brasil)
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