Quando comecei a
trabalhar em um documentário, no começo de 2016, sobre as bolhas nas redes
sociais, sabia pouco sobre este assunto que acabaria se transformando em uma
das histórias que definiram este ano.
Estava preocupado com
as limitações de nossa presença digital em um sentido político e social.
Devido a causas alheias
à nossa vontade, a maioria de nós transformou nossas redes sociais em bolhas
muito limitadas e agradáveis, fazendo com que as pessoas com pontos de vista
políticos e sociais muito diferentes dos nossos não apareçam em nossas páginas
no Facebook, por exemplo, apesar de, provavelmente, elas viverem ao lado de
nossas casas.
A culpa é das empresas
que criam algoritmos para as redes sociais, cujas modificações estão
programadas para nos mostrar o que "gostamos" na internet e coisas
com as quais estamos de acordo.
Curiosamente tudo isso
tem como objetivo nos fazer mais felizes.
Depois de conversar com
vários especialistas, gurus da web e filósofos futuristas, descobri algumas
formas de romper com esta bolha das redes sociais e caminhar para um futuro
mais brilhante e, possivelmente, mais real.
Veja alguns destes
passos abaixo.
1-
Desative a seleção automática de notícias
O Facebook mostra uma
seção de notícias criada por seus algoritmos. O que se vê nelas é o que estes
algoritmos "acreditam" ser o que você quer ver e o que você acha
interessante.
Frequentemente isto
significa que seus amigos ou contatos que pensam de forma diferente de você a
respeito de algum assunto nem sempre aparecem na sua timeline do Facebook. Com
isso a sua exposição a pontos de vista diferentes fica reduzida.
No entanto é possível
mudar isso se você configurar o Facebook para ver as histórias na ordem em que
foram publicadas ativando a opção "Mais recentes" (em sua página
inicial, clique em "notícias" e escolha a opção "mais
recentes").
O Facebook adverte que,
mesmo que você faça esta mudança, "a sua configuração predeterminada
voltará depois". Por isso você precisa refazer esta mudança a cada vez que
se conectar.
Se optar por esta
mudança poderá ver em sua timeline histórias que talvez não signifiquem nada
para você, de pessoas que talvez não conheça tão bem e muitas fotos que
provavelmente sejam mais uma chateação do que algo bonito para olhar.
Mas, pelo menos, terá
uma seção de notícias de verdade.
2
- Curta tudo
Se você clicar em
"curtir" para tudo o que aparece em suas redes sociais, a
inteligência artificial que controla os algoritmos ficará sabendo que você
gosta de saber de tudo: todos os pontos de vista e todo tipo de política.
Isso abre a
possibilidade para que as coisas se repitam em sua timeline, inclusive as duas
ou mais versões de uma mesma história.
É jeito meio grosseiro
de enganar o sistema, mas pelo menos você estará fazendo algo para ter uma
visão mais ampla das notícias.
3
- Não clique nos links
Existe outra opção,
mais radical: limite seus cliques apenas aos aniversários e fotos de seus
contatos, mantendo tudo o que for relacionado a assuntos políticos e sociais
fora de sua timeline (pelo menos temporariamente).
Uma vez que você
conseguiu converter sua presença digital na coisa mais chata do mundo, então
você poderá colocar em prática velhas habilidades como ler cada ponto de vista
sobre uma história política, vindos de fontes diferentes e veículos de imprensa
diferentes.
E, partir do que você
conseguir ler, poderá chegar às suas conclusões.
4
- Organize e pregue o evangelho do conteúdo sem filtro
É inútil abandonar o
sistema se o resto do mundo continua dentro da "Matrix".
As empresas de redes
sociais e os algoritmos não são uma força do mal com o objetivo de mudar nossa
espécie, são apenas reflexos de nós mesmos.
Se mudarmos de
coletivamente a forma com que consumimos a informação nas redes sociais,
teremos um mundo com mais variedade, mais aberto e mais complexo.
5
- Delete sua conta, desconecte e abandone tudo!
Esta opção, para
alguns, parece impossível.
(Fonte: Bobby Friction / BBC Brasil)
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