Especialista
analisa correspondência do pintor e encontra pistas sobre a automutilação —
além de motivar buscas pela cama da tela ‘Quarto em Arles’
Em setembro de 1888,
Vincent van Gogh comprou duas camas. Uma para ele e outra destinada a Paul
Gauguin, com quem dividiria uma casa em Arles, na França. O móvel é um dos
destaques da trilogia Quarto em Arles,
retrato do ambiente em que vivia o pintor holandês em três telas parecidas. A
estadia no local, contudo, não durou muito. No dia 23 de dezembro, Gaughin
encontrou na mesma cama um Van Gogh ensanguentado, com a orelha automutilada.
Depois do ocorrido, Van Gogh passou poucas noites em casa, antes de ser
confinado em um hospital até sua morte, em 1890.
A motivação que levou
Van Gogh a cortar parte do corpo e a trajetória do famoso móvel são alguns dos
temas analisados pelo especialista Martin Bailey em seu novo livro Studio of the South: Van Gogh in Provence.
A obra sugere que o
episódio da automutilação não estaria ligado a uma briga com Gauguin, a teoria
mais aceita, e sim com o fato de que o irmão mais novo de Van Gogh, Theo,
estava prestes a se casar. Além da relação muito próxima com o caçula, o artista
era financiado pelo familiar. Logo, ele teria ficado com medo de perder o
patrocínio.
A tese é endossada por
correspondências da família. Van Gogh teria recebido uma carta com a notícia,
assim como outros familiares, no dia 23 de dezembro de 1888, mesma data da
grande discussão entre ele e Gauguin, que culminou com o artista cortando a
orelha com uma lâmina de barbear. O conteúdo da correspondência se perdeu no
tempo.
Já a cama, que
testemunhou todo o acontecimento, foi doada pela família para sobreviventes da
II Guerra Mundial, ao pequeno povoado de Boxmeer, na Holanda. A notícia motivou
uma busca pelo móvel no local. “Olharemos por todas as partes”, declarou Karel
van Soest, o prefeito da cidade.
(Fonte: Veja)
0 comments: